terça-feira, 30 de outubro de 2007

Copa do Mundo do Brasil 2014 em miúdos

O Brasil foi anunciado nesta terça a sede da Copa do Mundo 2014 em cerimônia da Fifa, em Zurique. Nada mais que um cumprimento do protocolo, pois desde que a entidade anunciou um rodízio entre continentes após a Copa de 98, sabíamos que era questão de tempo o Brasil sediar uma Copa após mais de 50 anos.

Rodízio, inclusive, que a Fifa anunciou nesta semana que não existe mais. Se mostrou até irritada pelo fato do Brasil ser candidato único. Nada mais que joguinho de cena, era óbvio que o país sul-americano que iria sediar a Copa seria o Brasil, principalmente pela força política do país (João Havelange foi presidente da Fifa por 24 anos e o atual presidente da CBF, Ricardo Teixeira, almeja ocupar o cargo em breve).

O curioso é que a terra do pau-brasil é mesmo diferente, resolve os "conflitos" de modo pacífico. Vide episódios importantes como a independência, quando o país foi pioneiro a expulsar os colonizadores sem guerra, e até mesmo a Copa de 1950, em que o país tupiniquim também foi candidato único, beneficiado pela fragilidade dos países que participaram da II Guerra Mundial.

É motivo de muita alegria e orgulho podermos acompanhar uma Copa no Brasil. Porém, existem alguns pontos que é preciso ponderar. O primeiro é o poder gigantesco que Ricardo Teixeira terá até 2014. Dezoito estados lutam pelo direito de sediar jogos. Alguns centros lutam para receber o jogo da abertura, a final e o grupo do Brasil. Quem irá decidir todas essas questões será Teixeira.

Outro ponto e mais importante é o dinheiro público. Em relação aos investimentos privados para a Copa, as empresas que se entendam. O problema é o dinheiro público, que diz respeito a todo cidadão e será necessária uma grande fiscalização da sociedade civil e da imprensa para que não haja corrupção. Um tema delicado que não tem mais volta é a prioridade e urgência de problemas brasileiro. Melhorar estádios, o acesso a eles, hotéis e aeroportos é mais importante que investir em saúde, educação e a questão da fome?

E quantos brasileiros de fato conseguirão assistir à Copa em seu país? O alto preço dos ingressos e as regalias dos dirigentes e pessoas influentes permitirão que o brasileiro assista aos jogos?

É interessante também observar a chamada chapa branca que várias mídias farão nesses sete anos, lideradas principalmente pela Globo. Por interesses próprios (dinheiro fundamentalmente), vários canais esquecerão do papel do jornalismo e se limitarão a bajular dirigentes e personalidades e fazer um discurso ufanista, ignorando os inúmeros problemas nacionais.

Por fim algo que, particularmente, me intriga bastante (e imagino que será bastante discutido na ocasião) é a pressão que os jogadores que disputarão essa Copa terão. Qualquer resultado que não seja o título, poderá e deverá produzir novos Barbosas e fantasmas na história do futebol brasileiro.


Thiago Ricci

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