terça-feira, 29 de julho de 2014

Déjà vu de 1995

Luciano Dias (@jornlucianodias)

Vamos fazer uma viagem no tempo. Voltar ao ano de 1995. O futebol brasileiro ainda comemorava o tetracampeonato. A alegria respingava nos clubes.

No Atlético, LEVIR CULPI conquistava o Campeonato Mineiro e prometia um Galo forte no Brasileirão.

O Flamengo comemorava o centenário e apostava em uma “Seleção” que não decolou. Romário, Edmundo, Sávio... O comando era de VANDERLEI LUXEMBURGO.

O São Paulo tentava continuar o período vitorioso do inicio daquela década. A saúde do mestre Telê Santana começava a se complicar. Mas, o tricolor já tinha o sucessor. MURICY RAMALHO, que deixou muitas vezes o cargo de auxiliar técnico para assumir o comando da equipe.

O Grêmio estava em ascensão. Comandado por LUIS FELIPE SCOLARI, foi campeão gaúcho e da Libertadores em 1995.

Para tentar frear o crescimento do grande rival, o Internacional apostava em um xerifão no comando: ABEL BRAGA, que não conseguiu muito sucesso naquela passagem.

Pois bem...

2014. O futebol brasileiro busca renovação depois de ser humilhado na Copa do Mundo no próprio país.

Renovação? Nem tanto. O cenário de 19 anos atrás é um exemplo. Os cinco treinadores citados retornaram para os mesmos clubes que comandavam em 1995.

Parece um Déjà vu… Infelizmente, não é uma coincidência e sim a comprovação de que temos dificuldades para renovar os técnicos no Brasil.

É como uma roda gigante. Os mesmos nomes vão e voltam. Na própria Seleção tem acontecido isso. Parreira, Zagallo (a saúde não permite mais), Felipão, Dunga... O país do futebol parece ter dificuldades em entender a palavra renovação.

Fique esperto, Vagner Mancini! Assim como em 1995, PAULO AUTUORI pode voltar ao Botafogo.





terça-feira, 22 de julho de 2014

O Padrão FIFA continua?

 Luciano Dias (@jornlucianodias)

Fim de Copa, início de Brasileirão. Com o término do Mundial, encerra-se também a responsabilidade da FIFA nos estádios. A pergunta que fica é: o que ficou de legado nas arenas brasileiras?

Aliás, esta foi a minha missão no jogo entre Cruzeiro e Vitória, na última quinta-feira (17), no Mineirão. Em um jogo com público de cerca de 25 mil pessoas, será que as mudanças impostas pela FIFA continuaram? Como o torcedor fez para chegar ao estádio?

Chegada ao estádio

Quem escolheu ir ao Mineirão pelo transporte coletivo MOVE, criado há três meses em Belo Horizonte, reclamou da distância para chegar ao estádio. Os torcedores andam cerca de 20 a 25 minutos.

Quem foi de carro, mais reclamações. Problemas para estacionar o veículo. É proibido deixar os carros nos arredores do Mineirão. Quem estacionou (ou tentou estacionar) dentro do estádio, reclamou do engarrafamento na Avenida Abraham Cahan.

Os torcedores que foram de taxi reclamaram do preço, que ficou ainda maior por causa do engarrafamento no entorno do Mineirão.
É válido lembrar que durante a Copa os torcedores também tiveram que andar cerca de 25 minutos para chegar ao Mineirão, já que era proibido o tráfego de veículos particulares nos arredores do estádio.

Arredores do Mineirão

Durante a Copa, entrou em vigor a regra da Fifa para que os os locais das partidas tivessem barreiras em seu em torno a uma distância de 2,5 km. A medida tinha como função principal isolar cambistas, vendedores ambulantes e torcedores sem ingresso. Mas, numa rápida volta nos arredores do Mineirão, foi possível vê-los de volta.

Reclamações dentro do Mineirão

Muitos torcedores que estiveram em jogos da Copa sentiram falta da cerveja na partida do Brasileirão. Com a proibição, muitos torcedores ficavam do lado de fora do Mineirão minutos antes de começar a partida para consumir a bebida.

Com isso, faltando 10 minutos para começar o jogo, houve certo tumulto para entrar no Mineirão, já que os torcedores esperaram o tempo máximo do lado de fora.

As reclamações sobre a desobediência em relação aos lugares marcados continuaram. Neste caso, a mudança é cultural e deve ser feita aos poucos. Os torcedores também ficaram irritados com as filas das lanchonetes. Em um dos setores do Mineirão (F inferior), o feijão tropeiro acabou, tirando a paciência dos cruzeirenses.

Os torcedores reclamaram da falta de informações para se chegar ao setor indicado para acompanhar a partida. Eles também sentiram falta dos replays nos telões. Acostumados com a Copa, muitos olhavam para os telões após os gols e se decepcionaram rapidamente.

Elogios dentro do Mineirão

A limpeza dos banheiros, a qualidade da alimentação, os serviços de telefonia e internet foram quesitos elogiados pelos torcedores.

Gramado

Por causa do Mundial, o gramado do estádio foi trocado. O que já era bom antes da Copa, ficou ainda melhor. Elogios do técnico Marcelo Oliveira e dos jogadores cruzeirenses. Segundo o zagueiro Léo, a grama, que era um pouco rala, está um pouco mais alta.

Mudanças para a imprensa

Voltamos ao que era antes do Mundial. A parte boa é a volta do feijão tropeiro ou pizza + refrigerante gratuitos para os jornalistas. Durante a Copa, os preços eram absurdos. Outro elogio é a sala de imprensa, mais ampla.

A parte péssima é a localização das tribunas de imprensa, não mais centro do gramado, como na Copa.
Que os elogios continuem. E que as críticas sejam construtivas para deixar o palco sagrado do futebol mineiro ainda melhor.

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Não foi só um apagão

Luciano Dias (@jornlucianodias)

A goleada sofrida para a Alemanha e a despedida melancólica contra a Holanda não foram acidentes ou apagões, como o técnico Felipão tentou justificar. No caso do 7 a 1, no Mineirão, foi a vitoria do planejamento alemão contra a arrogância brasileira no futebol. Enquanto os europeus trabalharam uma geração após uma década de 90 com poucos talentos, nós ficamos a mercê de individualidades. 

 O aviso foi dado nos últimos anos com os próprios clubes, que fizeram feio no cenário internacional. Santos sofrendo oito gols para o Barcelona em amistoso, Atlético sendo eliminado para um time marroquino no Mundial de Clubes, nenhuma equipe brasileira nas semifinais da Libertadores e por aí vai. Precisamos de um trabalho a médio prazo. Temos que parar com o imediatismo. O futebol mudou, evolui. Não bastam apenas talentos. Não vamos ganhar porque somos o “País do Futebol”, porque nossos jogadores tem a ginga, tem a malandragem… 

 O futebol brasileiro parou no tempo e não acompanhou as mudanças no Mundo. É preciso planejamento, organização, reformulação, começando por uma limpeza na Confederação Brasileira de Futebol. É preciso mudar o conceito, imediatamente. 

Filosofia dos treinadores

É impressionante como os técnicos brasileiros (90% deles) estão atrasados. Temos exemplos atrás de exemplos. Por aqui parece que é obrigatório uma equipe jogar com centroavante, aquele camisa 9 trombador. Dependendo da partida ou da característica da própria equipe, é possível jogar sem este centroavante, principalmente, pela carência de jogadores nesta posição. 

 Irrita como nossos clubes abusam nas ligações diretas. Equipes modestas, como a Costa Rica e os Estados Unidos, deram show tático no Mundial. Jogadas ensaiadas, saíram da defesa com qualidade para o campo de ataque, nada de chutão. O excesso de lançamentos é influenciado pela forma que nossos treinadores enxergam a posição volante. 

O futebol de hoje não permite aquele camisa 5 da década de 90, apenas ladrão de bola e que a entrega para o companheiro. Aquele jogador que muitas vezes vira um terceiro zagueiro. Este primeiro volante deve ser o cara da saída de bola e, muitas vezes, elemento surpresa no ataque. Os volantes alemães mostraram como tem que ser. Marcam e saem pro jogo com qualidade. Três dos sete gols deles contra o Brasil foram de volantes. 

Não existe mais aquela conversa de treinador paizão, que forma uma família, que paparica jogador. Precisamos é de trabalho e os próprios atletas devem começar a enxergar isso. Sinceramente, torço por treinadores de fora, com novos pensamentos. Um Guardiola comandando a Seleção seria sensacional. Mas que fique claro: não é a solução de todos os problemas do futebol brasileiro. 

 É preciso de mais cursos para os comandantes, assim como existe na Alemanha e na Espanha. É preciso iniciativa dos nossos técnicos também.

Trabalho das Divisões de base 

O principal objetivo das categorias de base tem que ser revelar jogadores e não vencer campeonatos. Infelizmente, se o treinador (até mesmo na base)não consegue conquistas, ele é demitido. Sim, a pressão deve existir, mas não desta forma, com este conceito. 

Acompanhei alguns jogos da base nos últimos meses. Muito chutão, pouco toque de bola, muita raça, pouca técnica. Os juniores, juvenis, infantis deveriam manter o esquema de jogo parecido com o time profissional. Sei que é difícil isso acontecer, já que nem a maioria das equipes principais tem esquema, padrão de jogo definido. 

 Há dois anos, tive a oportunidade de assistir uma equipe Sub-17 do Barcelona jogar o Future Champions, um modelo de Mundial de Clubes da categoria.  A equipe espanhola joga com a mesma formação do time de Messi e cia. Os garotos eram obrigados a sair do campo de defesa tocando a bola, mesmo errando muitas vezes. Nada de chutão. O importante era criar uma filosofia.

Observa-se um jogo de interesses entre empresários e clubes, falta de visão e de garimpo de talentos. A situação é tão grave que nossa Seleção não conseguiu se classificar para o Mundial da categoria. A cabeça dos garotos deve ser mudada. Hoje, a meninada não quer mais se profissionalizar e vestir a camisa da Seleção e sim jogar no futebol europeu. 

A sorte do futebol brasileiro é que sempre desponta algum talento. Mas estes craques estão cada vez mais escassos.

Renovação na Seleção e na CBF 

É preciso uma limpeza na CBF. Os mesmos nomes, os mesmos problemas na cúpula da Confederação. Que o 7 a 1 traga algo positivo. Que seja esta renovação imediata. 

Quanto aos jogadores, o pensamento, como disse anteriormente, tem que ser a médio prazo. Os frutos serão colhidos em 2018 ou que seja em 2022. Podemos manter a experiência de Thiago Silva e David Luiz e somar com uma safra de talentos, com menos de 25 anos, que já são realidades: Marquinhos (PSG), Mayke (Cruzeiro), Fernando (Shakhtar), Lucas Silva (Cruzeiro), Lucas (PSG), Oscar (Chelsea), Coutinho (Liverpool), Bernard (Shakhtar), Neymar (Barcelona), entre outros que vão surgir. Assim espero! 

Foram apenas alguns (poucos) exemplos de mudanças no nosso futebol. Sei que a discussão é mais ampla, mas é preciso começar. Que comece, então, na filosofia dos treinadores, no trabalho das divisões de base e na renovação da Seleção e da CBF.