segunda-feira, 29 de junho de 2015

Depois do apagão, chega a virose

Luciano Dias (@jornlucianodias)


A eliminação para o Paraguai, já nas quartas de final da Copa América, escancarou ainda mais a realidade do futebol brasileiro. Os problemas estão por toda a parte: formação de base, ausência de talentos, falta de visão dos treinadores, corrupção da entidade que “organiza” o esporte no país...

As derrotas brasileiras ganham nomes. É o meião do Roberto Carlos, é o apagão, é a virose. Para o presidente da CBF, José Marin, a eliminação aconteceu por causa de apenas um erro individual. Uma desculpa desastrosa, já que é difícil assumir e ir nos pontos cruciais dos problemas.

Enquanto os comandantes do nosso futebol vão apelidando os vexames, o resto do mundo evolui. É difícil acreditar que o Brasil não fica entre os quatro primeiros em duas Copas América consecutivas! Que ganhar das seleções peruana e venezuelana, antes sacos de pancadas, virou missão difícil! É difícil perceber que Colômbia e Chile têm mais valores individuais que o time brasileiro! É difícil acreditar ou aceitar, mas é a realidade.

As perspectivas não são as melhores. Atualmente, poucos jogadores brasileiros são destaques nos grandes clubes da Europa, ao contrário de um período que nem faz tanto tempo assim. Nas categorias de base, o pensamento é apenas ganhar títulos. Revelar o atleta para o clube e, consequentemente, para a Seleção é segundo plano. O negócio (no sentido literal mesmo) é ganhar dinheiro, se possível, antes do atleta se profissionalizar

Nesta linha de “empreendimento”, aparece a base do time canarinho que disputou a Copa América. Qual o sucesso de David Luiz, Daniel Alves, Marquinhos, Filipe Luis, Fernandinho, Coutinho, Willian, Firmino, Fabinho em alguma equipe do Brasil? Nenhum. Eles não tiveram tempo. Foram ainda novos realizarem o sonho de jogar na Europa. Jogar pelo Brasil? Tanto faz. A maioria destes atletas não ganha a simpatia dos torcedores porque são desconhecidos pela grande massa. ´

Vivemos escondidos atrás de um Neymar. Se ele estiver em campo, há alguma esperança. Caso contrário, temos um time bem normal. Que faz qualquer jogo ser difícil mesmo, que jogar bonito não entra no pacote.

Seleção Brasileira virou sinônimo de antipatia dos torcedores. Os tempos mudaram. Enquanto o país que se diz do futebol não se organizar, vamos ter que apenas assistir nossos rivais disputarem decisões e produzirem jogadores que se transformam ídolos.