domingo, 29 de março de 2009

Dobradinha da novata

Coluna Pedro Rotterdan - Pole Position

Brawn. Esse é o nome de uma nova equipe de Fórmula 1 que chegou mostrando que veio para dar trabalho. Depois do fim da Honda, Rubens Barrichello e Jenson Button viveram dias de incertezas, sem saber se iriam ou não estar na temporada 2009 da F1. Passado esse tenso período, os dois pilotos estrearam com uma dobradinha. Button venceu o Grande Prêmio da Austrália, com Barrichello chegando em segundo e Hamilton em terceiro. Os brasileiros Felipe Massa e Nelsinho Piquet abandonaram a prova.

A corrida foi conturbada e erros logo na largada garantiram a Button a vitória. Na saída, Barrichello teve problemas na embreagem, se estranhou com Mark Webber, da RBR, e Nick Heidfeld, da BMW Sauber. Resultado: teve a asa dianteira danificada, e quase prejudicou sua corrida. Enquanto isso, Button abria vantagem.

O piloto japonês Nakajima bateu forte e provocou a entrada do Safety Car. Essa foi a chance de Barrichello, que entrou no pit stop e trocou a asa danificada. Faltando apenas três voltas para o fim, Kúbica e Vettel se chocaram e, espertamente, Barrichello assumiu a segunda posição. Com um carro competitivo, Rubinho tem a chance de mostrar que tem talento para concorrer ao título. Boa Sorte a Rubinho, Massa e Piquet.

Brawn faz história

A dobradinha da Brawn colocou a equipe na história da Fórmula 1. Essa é a segunda vez que uma escuderia estreante começa a temporada com a primeira e a segunda colocações. A primeira foi há 55 anos, quando Juan Manoel Fangio e Karl King terminaram a prova no topo do GP da França de 1954.

Temporada confusa

Essa é uma temporada que vai ficar marcada na história, não só pelo feito da equipe novata, mas também pelos péssimos resultados de Ferrari e McLaren nos preparativos para esse ano. Hamilton, mesmo com o terceiro lugar herdado depois de uma punição a Trulli, largou apenas em 18º.

Além disso, a Federação Internacional de Automoblismo (FIA) lançou uma polêmica ao mudar a regra. O campeão seria o piloto que vencesse mais corridas e não o que fosse mais regular, com mais pontos. Mas todos os pilotos não gostaram e a federação acabou mudando de idéia.

As asas traseiras e dianteiras dos carros também foram modificadas, por determinação da FIA. A traseira ficou menor e mais alta, enquanto as dianteiras ficaram maiores e mais perto do chão. Essas mudanças fazem com que os carros “furem” o ar com mais facilidade, aumentando a velocidade, por outro lado o carro pode rodar nas curvas. Mas, para esse problema, foi criado um sistema opcional, que fica abaixo da asa traseira, deixando o carro mais estável. Por enquanto, somente Brawn, Williams e RBR utilizam este sistema. De fato, apenas no fim da temporada saberemos se essas foram más ou boas escolhas, tanto das equipes, quanto da FIA.

Imagem: globo.com

quinta-feira, 26 de março de 2009

Ronaldo, um brasileiro

Thiago Ricci

Ronaldo nos surpreendeu mais uma vez, ontem, ao marcar dois gols pelo Corinthians. Mesmo em forma de jogador de futebol de pelada, ostenta a excelente marca de 4 gols em 5 jogos. Abaixo, reproduzo um editorial que fizemos para a faculdade. O tema é controverso e mais uma vez sua participação é fundamental.


Ronaldo Luís Nazário de Lima mais uma vez protagonizou aqueles episódios dignos da fama que carrega. Após mais de um ano sem jogar sequer alguns minutos de uma partida oficial, o Fenômeno precisou de pouco mais de 50 minutos para marcar, de forma cinematográfica, contra o arquirrival Palmeiras.

O fato se tornou uma benção para a mídia esportiva. Foram semanas de uma cansativa repetição do maior xodó do futebol brasileiro dos últimos tempos. E, agora, o gol no clássico foi bravamente comemorado pelos editores esportivos, que ganharam uma sobrevida para voltar a metralhar incansavelmente Ronaldo para ouvintes, leitores, telespectadores e internautas. É inegável que o jogador é fora de série. Além de mostrar habilidade singular, conseguiu driblar três graves lesões em ambos joelhos.

Até 2002, Ronaldo ganhou 17 prêmios individuais, entre Chuteira de Ouro, World Soccer, France Football e FIFA. Foi da FIFA a última agraciação recebida por ele, em 2003, ainda reflexo da atuação na Copa do ano anterior. Os títulos recebidos por Cruzeiro, PSV, Barcelona, Internazionale, Real Madrid e Seleção Brasileira também sofreram o mesmo impacto. Dos 17 abocanhados pelo jogador, 14 foram conquistados até 2002. O que é completamente ignorado pela mídia é o exemplo negativo que o Fenômeno traz a uma nação carente de modelos. Após a volta triunfal na Copa do Mundo de 2002, quando foi um dos principais na conquista brasileira, o jogador abdicou de ser profissional para curtir a fama de uma verdadeira celebridade.

Até a frequência foi prejudicada. Desde 2004, quando conseguiu emplacar sete jogos seguidos, Ronaldo teve média de presença em somente 26% dos jogos que sua equipe, Milan, fez. Números desprezíveis para um jogador profissional.

A celebridade, desde então, se envolveu em diversas polêmicas, como saídas em boates, fotos que o mostram completamente fora de forma, fumando e bebendo bebidas alcoólicas. Em abril do ano passado, o fato que ganhou maior repercussão: Ronaldo teve um imbróglio com três travestis no Rio de Janeiro.

Afirmações como “ele já fez tudo que um jogador poderia desejar” são frequentes quando a seriedade de Ronaldo é colocada em xeque. O que parece ser difícil para parte dos brasileiros entenderem, talvez pela grande quantidade de exemplos maléficos, é que a celebridade não deixou de ser jogador de futebol. E ainda recebe – e muito bem – para exercer tal profissão. No caso especificamente do Fenômeno, a discussão poderia ser se os fins justificam os meios. Isso, graças ao talento fora do comum do jogador.

Mas o que está sendo questionado é a responsabilidade social que tamanho ídolo tem com seus fãs. A influência é potencializada quando se fala do âmbito futebolístico, tão importante para os brasileiros – já dizia Nelson Rodrigues em sua famosa expressão de síndrome de vira-latas. Atitudes como a de Ronaldo, Ronaldinho, Robinho ou até de Fernando Collor, que estragam a carreira e simplesmente conseguem voltar ao “poder”, somente incentivam o batido jeitinho brasileiro, que pode ser traduzido em falta de planejamento, trabalho e profissionalismo.

Obviamente, problemas de cultura de toda uma nação não podem ser reduzidos a Ronaldo. Mas somente quando ídolos como ele tiverem a real noção da influência que exercem na sociedade, é que poderemos esperar ações dignas de tamanho status.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Federação Mineira de Futebol é roubada no dia do aniversário do Atlético

Thiago Ricci

Dizem as más línguas que o dia do 101º aniversário do Clube Atlético Mineiro começou festivo. O cofre da FMF (Federação Mineira de Futebol), na região Centro-Sul da capital, amanheceu arrombado por três homens, de acordo com a Polícia Militar. Eles usufruíram de um maçarico e levaram aproximadamente 1 milhão de reais, ainda segundo os militares.

Brincadeiras à parte, motivadas pelas rusgas entre o presidente do Galo Alexandre Kalil e a FMF - o mandatário chegou a afirmar que teria uma quadrilha dentro da organização, o roubo subtraiu uma grande quantia da federação. O reflexo dificilmente será notado no futebol mineiro, já que a FMF, assim como todas as outras federações brasileiras, não passa de um arrecadador de inscrições e fichas de cadastros.

O pior e mais lamentável da história é que um senhor de 66 anos foi brutalmente agredido pelos assaltantes. O vigia José Adilho Marcelino foi encontrado desacordado pelo colega, que o substituiria no turno, e encaminhado ao hospital Odilon Behrens.

Tirando o teor policial e triste do roubo, lanço a questão: o que a FMF faria com 1 milhão de reais? Criar fortes campanhas de publicidade para promover as finais do Campeonato Mineiro, entre os cinco mais fortes do Brasil? Ou ainda para valorizar os principais times da capital, que há tempos não formam times como esses, fortes e com atrações para o torcedor? Ou ainda, ajudar times tradicionais, como América e Villa Nova, que passam fase nebulosa há anos? Ou, quem sabe, criar um centro de treinamento para criar e formar talentosos jogadores mineiros?

E você, o que acha??

sábado, 21 de março de 2009

Maldição dos Américas

Coluna Luciano Dias - Memória e calculadora esportiva


No futebol brasileiro há muitos Américas. Mas, nenhum de sucesso. Nesta quinta-feira, pela Copa do Brasil, o Coelho de Belo Horizonte fez a fama de falta de glórias dos Américas nos últimos tempos. A equipe foi derrotada pelo modesto Águia de Marabá, em "pleno" Mineirão. Este é apenas o último exemplo de insucessos.

Vamos destacar a trajetória bonita de alguns Américas do país e, ao mesmo tempo, os fracassos. O América mais antigo é o do Rio de Janeiro, fundado em 1904. Tradicional equipe do futebol fluminense, principalmente até a década de 60, tornou-se decadente e carente de conquistas. Atualmente está na Segunda divisão do futebol do Rio e não configura em nenhuma das quatro séries do campeonato nacional. Nesta semana, o clube ganhou um grande reforço, fora das quatro linhas: Romário, agora dirigente do clube, promete reerguer a tradicional equipe.

Belfort Duarte: a inspiração

Em 1914, o zagueiro do América carioca Belfort Duarte viajou pelo Brasil com uma idéia na cabeça: induzir o surgimento de vários clubes com as mesmas cores e nome do time da Tijuca. A partir daí, surgiram uma grande quantidade de Américas pelo Brasil, muitos deles - não por coincidência - com cor vermelha, nome com “Futebol/Football Clube/Club” e distintivo redondo com as iniciais dentro.

Claro, nem todos os Américas do Brasil homenageiam o clube carioca. Até porque são tantos que era inevitável que alguns tivessem história própria.


Haja América

No futebol profissional do Brasil, existem atualmente 10 clubes registrados com o nome América. Número que já foi bem superior, mas muitos times foram extintos, casos dos Américas do Acre, do Amazonas e do Espirito Santo.

O América de Belo Horizonte é um dos poucos que não é vermelho e não recebeu seu nome em homenagem ao xará carioca. O Coelho foi fundado em 1913, com cores (verde e branco) e nome definidos por sorteio (o time poderia ter se chamado Arlequim, Tymbiras ou Guarany). Com o decacampeonato mineiro de 1916 a 1925, o América-MG se tornou o maior campeão seguido da história do futebol brasileiro, ao lado do ABC.

Aos poucos, o clube foi perdendo espaço para o Cruzeiro e se tornou uma força secundária no cenário local. Ainda assim, mantém sua tradição de revelar jogadores e causou alguma comoção ao disputar a segunda divisão estadual em 2008. A equipe tem Copa Sul-Minas, 15 Campeonatos Mineiros, um Brasileirão (segunda divisão) e um Mineiro (segunda divisão).

O segundo América de Minas Gerais é um clube pequeno, mas de alguma tradição no interior. O América de Teófilo Otoni foi fundado em 1936 e, hoje, disputa a o Módulo I do Campeonato Mineiro, equivalente à segunda divisão do estadual.

Mas, quando o assunto é títulos conquistados por América, o de Natal leva a melhor. São 32 campeonatos estaduais, um Nordestão e um Norte-nordeste. Além de ter mais títulos do que qualquer homônimo, tem uma torcida numerosa e esteve na elite nacional há menos tempo (2007).

Em São Paulo, o América é considerado uma das equipes mais tradicionais do estado. Atualmente está na segunda divisão estadual. De qualquer modo, ainda mantém o Teixeirão, um dos maiores estádios do interior paulista.

O América de Sergipe foi o último entre os homônimos a conquistar um título de primeira divisão. Em 2007, o time de Propriá acabou com um jejum de 41 anos e foi campeão estadual.

No estado do Amazonas, o América local ficou mais famoso por seu técnico-presidente do que pelos resultados. Amadeu Teixeira fundou o clube em 1939 ao lado de seu irmão. Ambos trabalharam como cartolas, mas, em 1955, Amadeu se deu o cargo de técnico. Assim o clube ficou por 56 anos, só conquistando um título nesse período (o estadual de 1994, os demais foram entre 1951 e 54). Amadeu ganhou tanta projeção que o principal ginásio de esportes de Manaus, ao lado do Vivaldão, recebeu o nome de Arena Amadeu Teixeira.

Tradições, extinções, fracassos...América. Há quem diga que o maior culpado de tudo isso foi o navegador Cristovão Colombo.

segunda-feira, 16 de março de 2009

O homem das estreias

Coluna Luciano Dias - Memória e calculadora esportiva

Fred e estreia: uma relação de sucesso e de gols. Por todos os clubes pelos quais passou (América Mineiro, Cruzeiro e Lyon, da França), o atacante sempre estreou fazendo gols. No Fluminense, a história não foi diferente. Neste domingo, o camisa 9 marcou duas vezes na vitória do Flu por 3 a 1, de virada, sobre o Macaé, no Maracanã.

No primeiro jogo como profissional do América, em 2003, Fred fez um gol na vitória de 2 a 1 sobre o Guarani, pelo Campeonato Mineiro. No ano seguinte, com a camisa do Cruzeiro, a vítima foi o Internacional, pelo Brasileiro. No duelo disputado no Mineirão, o atacante marcou o segundo gol da vitória da Raposa por 2 a 0 sobre o Colorado. Em 2005, Fred estreou no Lyon e fez os dois gols do triunfo da equipe sobre o Mônaco, pelo Campeonato Francês.

O sucesso do matador em estreias não pára por aí. No seu primeiro jogo pela Copa do Mundo de 2006, Fred fez um dos gols mais fáceis de sua carreira, mas o mais importante de sua vida. Ele fechou o placar da vitória do Brasil, por 2 a 0, sobre a Austrália.

O gol mais rápido do mundo

Além de um curriculo invejável em estreias, Fred está na história ao marcar o gol mais rápido da história: 3s17.

A façanha foi alcançada em 2003, jogando pelo juniores do América-MG, quando o craque ainda tinha 19 anos. O gol aconteceu na derrota por 5 a 1 para o Vila Nova-GO, na Taça São Paulo de Juniores. Assim que o juiz apitou o início da partida, o atacante arriscou do meio-campo e acertou o gol.

Números de Fred antes da estreia pelo Flu

- América-MG: 57 jogos e 34 gols (média de 0,6 por jogo)
- Cruzeiro: 71 jogos e 56 gols (média de 0,8 por jogo)
- Lyon: 74 jogos (51 como titular) e 31 gols
- Seleção Brasileira: 10 jogos (4 como titular) e 4 gols


Imagem: André Durão/ Globoesporte

quinta-feira, 5 de março de 2009

O Fenômeno voltou

Coluna Luciano Dias - Memória e calculadora esportiva

Fenomenal. Depois de ficar mais de 14 anos sem atuar por um clube brasileiro, o atacante Ronaldo, enfim, sentiu a alegria (?) do retorno. A volta foi nesta quarta-feira, na vitória do Corinthians, por 2 a 0, sobre o Itumbiara, em Goiás, pela Copa do Brasil. Ele entrou aos 23min da etapa complementar. Ronaldo, visivelmente fora de forma, conseguiu se movimentar e fazer algumas jogadas típicas.

A última partida do Fênomeno por um clube brasileiro aconteceu em 7 de agosto de 1994, em amistoso que marcou sua despedida com a camisa do Cruzeiro. O duelo, disputado no Mineirão, foi contra o Botafogo e o placar 1 a 1.

Atuando pelo Cruzeiro, Ronaldo explodiu para o mundo. Com a camisa celeste, o atacante marcou 56 gols em 58 jogos - média de quase um gol por partida. O atacante, que chegou à Raposa em 93, deslanchou na equipe mineira na temporada de 94. Em seu primeiro clássico contra o Atlético, no Campeonato Mineiro, confirmou a sua fama de carrasco do galo, que havia adquirido no junior, marcando 3 gols, na vitória de 3 a 1. Naquele jogo entortou com uma seqüência de dribles de corpo o experiente zagueiro Kanapkis, da Seleção Uruguaia.

Em uma de suas memoráveis atuações, ele marcou 5 gols na vitória sobre o Bahia por 6 a 0. Em um dos gols, o goleiro Rodolfo Rodriguez havia encaixado a bola depois de um chute do jogador Nonato. Mas o arqueiro foi amarrar as chuteiras e deixou a bola no chão. Ronaldo, que estava ali por perto, se aproveitou da ocasião, tirou a bola e tocou para o gol.

Em agosto de 94, Ronaldo foi negociado com o PSV Eindhoven, da Holanda, por US$ 6 milhões. Era a maior transação de um jogador brasileiro para o exterior, até aquele ano. Um fenômeno.

Mais uma conquista

Um currículo invejável. Três vezes melhor jogador do mundo. Conquistou dois mundiais com a seleção, dentre vários outros títulos com a amarelinha. Campeão em várias oportunidades nos clubes. É atualmente o maior artilheiro de todos os tempos em Copas do Mundo, com 15 gols. É o segundo maior artilheiro da Seleção Brasileira com 73 gols em 112 partidas, perdendo apenas para Pelé com 95 gols.

Motivos para comemora neste retorno ao futebol? Ronaldo tem de sobra. Ele não disputava um jogo oficial desde 13 de fevereiro de 2008, quando se contundiu em uma partida do Milan. Foram 384 dias de espera. O dia 4 de março vai ser inesquecível. O dia de mais uma conquista do Fênomeno.


Imagens: Guilherme Jr/ EFE e
cruzeiro