terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

POR ONDE ANDA? Baiano

Luciano Dias (@jornlucianodias)

Foram 16 clubes na carreira. Jogou, inclusive, na Espanha, na Rússia, na Colômbia e na Argentina. Hoje, vamos mostrar POR ONDE ANDA o lateral (hoje volante) Dermirval de Almeida Lima ou, simplesmente, Baiano. Atualmente, ele defende as cores de um clube de Campinas. Mas não pense que ele veste as camisas da Ponte Preta ou do Guarani.

O Menino da Vila

Nascido em Capim Grosso, na região central da Bahia, o jogador viajou cedo para a região Sudeste do país. Aos 18 anos, já se destacava nas categorias de base do Santos e, em seguida, ganhava uma chance no time titular do Peixe. O começo foi animador na equipe da Baixada. Mesmo reserva de Anderson, Baiano sempre entrava nas partidas, seja como lateral-direito ou como meia. A oportunidade foi dada por Vanderlei Luxemburgo.

Logo nos primeiros anos de profissional, o jogador já fazia parte de dois títulos santistas: do Torneio Rio-São Paulo, em 1997, e da Copa Conmebol, em 1998. Mas Baiano não conseguiu emplacar uma sequência no Peixe. Por isso, foi emprestado ao Matonense e ao Vitória, em 1999. No rubro-negro baiano, o lateral conseguiu aparecer no cenário nacional, sendo destaque de um time que chegou às semifinais com orçamento modesto.

Rapidamente, a diretoria do Santos pediu o retorno de Baiano. Desta vez, em 2000, ele era o lateral titular e vivia grande fase. Baiano era tido como o futuro substituto de Cafu na Seleção. Era a esperança na lateral-direita, posição carente no país na década de 1990.

Ainda em 2000, foi vendido ao Las Palmas (ESP). Não teve muito sucesso por causa, principalmente, da dificuldade de adaptação.

O Menino da Seleção

O grande momento vivido no início de 2000 com a camisa do Peixe rendeu a Baiano a convocação para a Seleção Olímpica. Novamente, Vanderlei Luxemburgo era o pai da oportunidade. O jogador foi o titular (no meio ou na lateral) no Pré-Olímpico e nas Olímpiadas em uma seleção que tinha, entre outros nomes, Ronaldinho Gaúcho e Alex.

A seleção decepcionou nas Olímpiadas e Baiano continuou sem ver a cor da bola no futebol espanhol.

A "isolada" no Galo

Sem muitas oportunidades no Las Palmas, Baiano foi emprestado ao Atlético-MG, em 2002. De um modo geral, fez boas atuações pelo Galo, mas um lance marcou a carreira do jogador em BH. Nas semifinais da Copa Sul-Minas de 2002, contra o Cruzeiro, o lateral "isolou" a bola em uma cobrança de pênalti. O desperdício teve como consequência a eliminação do Galo no torneio.

Vaiado pela torcida alvinegra, Baiano voltou ao Las Palmas apenas para cumprir contrato.

A luz verde

O Palmeiras entrava em 2003 com o objetivo de disputar a Série B e retornar à elite do futebol brasileiro. Baiano entrava no mesmo ano tentando recuperar o bom futebol que o levou para as Olímpiadas. Clube e jogador tentando o resgate. "A fome com a vontade de comer" deu certo. Baiano foi bem no Verdão. Foi o titular na conquista da Série B e fez um belo Paulistão em 2004.

Mas Baiano quis arriscar mais uma vez...

Um negro isolado

A boa fase no Palmeiras rendeu a Baiano uma proposta incomum, em 2004. O jogador foi negociado com o Boca Júniors (ARG), principal time das Américas naquele período. Conseguiu, rapidamente, a posição de titular no time argentino. Mas a nacionalidade e o fato de ser negro atrapalharam o projeto de Baiano no Boca.

Segundo o próprio jogador, em entrevista à TV Gazeta no final de 2005, o goleiro Abbondanzieri e o atacante Schelotto foram os responsáveis por sua saída prematura da Argentina. A situação teria piorado após o episódio envolvendo o zagueiro Leandro Desabato, então jogador do Quilmes (ARG), e Graffite, que estava no São Paulo, na primeira fase da Libertadores daquele ano. O zagueiro argentino ficou dois dias preso no Brasil depois de ter sido acusado por Grafite de tê-lo insultado com termos racistas.

Baiano também passou a ser vítima de atitudes racistas. Não deu outra. Resolveu voltar ao Palmeiras.

O cigano Baiano

Baiano voltou ao Palmeiras em 2006. A esperança era que ele repetisse as boas atuações de anos anteriores. Mas o jogador teve muitos problemas com a balança e não conseguiu se manter como titular. A esperança se transformou em vaias e em saída do Verdão. No mesmo ano, o jogador recebeu uma boa chance financeira do futebol russo. Foi vendido ao Rubin Kazan, mas, pela terceira vez, Baiano não conseguiu se adaptar no futebol fora do país.

Retornou ao Brasil em 2007 para se tornar um cigano da bola. Rodou por Náutico (2007), Santos (2007), Fortaleza (2008), Vasco (2008). O rebaixamento do Brasileirão com o time cruzmaltino fez com que várias portas do futebol brasileiro se fechassem para Baiano.

Mais uma vez, uma chance incomum para um brasileiro. O lateral foi uma das grandes contratações do Atlético Nacional da Colômbia para 2009. Por lá, atuou com o atacante Munhoz, ex-companheiro de Palmeiras. Baiano teve atuações regulares no time colombiano, mas ele não via crescimento no futebol de lá e acertou a sua volta ao país para jogar no Paulista, em 2010.

Baiano largou a lateral. Foi para o meio-campo, em definitivo. Era arma perigosa em cobranças de faltas. No Brasileirão de 2010, jogou pelo Guarani e viu o rebaixamento de perto pela segunda vez.

Retornou ao Paulista ano passado. Era a referência do time. E quando todos apostavam na manutenção do jogador no time de Jundiaí para esta temporada, a surpresa...

Baiano "Toro Loko"

Aos 32 anos, o jogador foi contratado este ano pelo Red Bull Brasil, clube fundado em 2007 com sede em Campinas. Ele é o destaque do "Toro Loko", como o time é carinhosamente chamado, para a disputa da Copa Paulista no segundo semestre e do Campeonato Paulista da Série A-2 em 2012.

Baiano aceitou o convite da equipe por causa das condições de trabalho que, segundo ele, é praticamente igual a dos grandes clubes. A estrutura é vista nos números em 2012. O time surge como a sensação do futebol paulista este ano. É o único a somar 100% dos pontos disputados no estado.

Depois de conhecer todos os lados do mundo do futebol, Baiano buscou a tranquilidade este ano e quer entrar para história do RB Brasil.