segunda-feira, 26 de setembro de 2011

O Rei... do pagode!

Luciano Dias (@jornlucianodias)

Reinaldo, Reinaldo Rosa, Rei, Reinaldinho... Lembram dele? Se vocês responderam aquele jogador que despontou com sucesso no Atlético Mineiro e que chegou a deixar Ronaldo Fenômeno no banco da Seleção Sub-20, acertou. Mas apenas o começo foi animador. Reinaldo caiu de produção e se transformou em um cigano no futebol. Aposentado há quase três anos, o ex-jogador ganha a vida como pagodeiro.

Reinaldo garante: "estou muito feliz". O instrumento de trabalho não é mais a bola, e sim o tan-tan. O ex-atleta, com 35 anos, é um dos integrantes do grupo Pagode do Rei, criado e bancado por ele mesmo. A banda faz três shows fixos por semana em Belo Horizonte, além de receber convites para tocar em outros lugares. O pagodeiro garante que o futebol ainda está na veia. Costuma jogar amador nos finais de semana.

Reinaldo apareceu no profissional do Galo em 1993. Enquanto isso, o Cruzeiro apresentava para o mundo um atleta de nome parecido, um tal de Ronaldo, que depois viraria Fenômeno. Os atacantes, ambos com 17 anos, surgiram em um momento turbulento do futebol mineiro, semelhante ao atual. O Atlético, afundado em dívidas, apostava em nomes como Ryuler e Wiver para o Brasileirão. O Cruzeiro, depois de conquistar as Supercopas de 1991 e 92 e vencer a Copa do Brasil no primeiro semestre de 93, fez péssimas campanhas nos campeonatos Brasileiro e Mineiro.

Os atacantes eram considerados "salvadores da pátria". Rapidamente, conquistaram suas torcidas com muitos gols e belas atuações. O sucesso era tão grande que a pergunta que se fazia na época pode parecer impossível atualmente. "Quem é melhor: Ronaldo ou Reinaldo?"

O tempo respondeu a favor do então cruzeirense, mas não de maneira imediata. Por dois anos, Reinaldo, que depois virou Reinaldo Rosa, foi ídolo da torcida atleticana e, em alguns momentos, ressuscitou o grito de "Rei, rei rei, o Reinaldo é o nosso rei!", criado na década de 1970 para homenagear seu xará, o maior ídolo da história atleticana.

O ano de 1994 começou e, com ele, Ronaldo se afirmava como artilheiro do Campeonato Mineiro com 22 gols, conseguindo uma vaga na Seleção que conquistou o tetracampeonato Mundial. Em seguida, foi vendido para o PSV Eindhoven (HOL) por 6 milhões de dólares. Paralelamente, Reinaldo se afirmava no ataque de uma equipe ainda desequilibrada.

A afirmação de Reinaldo aconteceu justamente com a venda do Fenômeno. No Brasileirão de 1994, o jogador, com apenas 18 anos, marcou gols importantes, contra Botafogo e Corinthians. Aliás, contra o time paulista Reinaldo foi rei. Fez o melhor jogo de sua vida. A vitória por 3 a 2, diante de mais de 100 mil pessoas no Mineirão, veio com três gols seus. O Corinthians venceu o jogo de volta por 1 a 0 e se classificou para a final, mas a a torcida atleticana tinha a certeza de que um novo ídolo estava surgindo.

A certeza ficou ainda mais forte com a conquista do Campeonato Mineiro de 1995. Reinaldo foi o artilheiro da competição, com 13 gols. Com a artilharia, a convocação para o Mundial Sub-20 do Qatar.

No segundo semestre do mesmo ano, Reinaldo foi comprado pelo Parma (ITA), mas não foi aproveitado no clube. Seus empréstimos para o Verona (ITA) e, posteriormente, para o Anderlecht (BEL), não foram bem sucedidos e o atacante voltou ao Brasil no início de 1996 para defender o Palmeiras. No Verdão, porém, teve o azar de concorrer com Luizão, Muller e Rivaldo por uma vaga no "ataque dos 100 gols" e assistiu à maioria das partidas do banco de reservas.

Após a passagem apagada no Palmeiras, Reinaldo começou a mudar de clube com muita frequência. Chegou ao Cruzeiro em 1997 e fez parte do grupo campeão da Libertadores daquele ano. Reinaldo foi até questionado na época pelos torcedores dos grandes rivais de Minas. "Tinha aquela cobrança na rua. Você é atleticano, você é cruzeirense? Mas a gente tem que ser profissional, acima de tudo", destaca o pagodeiro.

Depois de jogar na Raposa, Reinaldo rodou. Atuou por Botafogo, voltou ao Atlético Mineiro, foi para o Bragantino e ainda defendeu Portuguesa e Ponte Preta. Ficava pouco tempo nos clubes que defendia, o que impossibilitava uma sequência de jogos como titular.

Nos anos seguintes, o atacante defendeu Ceará, Atlético Paranaense e América-RN, entre outros clubes. Em 2006, ano em que Ronaldo batia o recorde de gols em Copas do Mundo, Reinaldo sofria no Ceilândia e no Gama.

Em 2007, no Vila Nova de Goiás, com 31 anos, o fim de uma carreira de eterna promessa. Segundo o ex-jogador, o encerramento foi impulsionado por calotes de alguns clubes que atuou. Reinaldo garante que mesmo não recebendo de algumas equipes, o mais importante ele conseguiu no futebol: dar uma boa situação para os pais.

O Esporte Fantástico Minas foi conferir uma apresentação do Pagode do Rei. Confira a matéria:

Atenção: vale ficar de olho no molejo do ex lateral Nonato, ídolo cruzeirense da década de 1990.

sábado, 24 de setembro de 2011

Futebol mineiro na UTI

Luciano Dias (@jornlucianodias)

A situação do futebol mineiro vai de mal a pior. Podemos dizer que Cruzeiro, Atlético e América estão na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Os times precisam de um acompanhamento especial.



O Acrescimos fez um levantamento dos motivos dos clubes mineiros estarem em situações de risco.


O Cruzeiro é o 15º colocado no Brasileirão com 29 pontos. A equipe não vence há seis jogos. A última vitória foi no clássico contra o Atlético. Abaixo, alguns motivos que justificam a posição modesta do Cruzeiro na competição:

EFEITO ONCE CALDAS
O time era considerado o Barcelona das Américas. Mas foi ser eliminado pelo Once Caldas na Taça Libertadores que a equipe desencontrou com o bom futebol.

CONTRATAÇÕES QUE NÃO VINGARAM
Quinze jogadores foram contratados. Apenas o uruguaio Victorino caiu nas graças da torcida. Nomes como Ortigoza, Vítor e Leandro Guerreiro são muito contestados. Alguns, até já foram embora. Casos de Brandão e André Dias.

VENDAS DE JOGADORES
A diretoria cruzeirense vendeu jogadores importantes do elenco. O lateral Jonathan, o zagueiro Gil, o volante Henrique e o atacante Thiago Ribeiro são alguns exemplos. Motivos para o enfraquecimento do time.

CONTUSÕES
As contusões também atrapalharam o Cruzeiro. O atacante Wallyson, com uma fratura no tornozelo esquerdo, não joga mais este ano. Os laterais Vítor e Diego Renan também não largam o Departamento Médico.

ELENCO LIMITADO
Com as vendas de jogadores e com as contusões, o Cruzeiro não teve boas reposições. Os altetas que entraram não deram conta do recado.

TROCA DE TREINADORES
Cuca, Joel Santana e Emerson Ávila. Nenhum conseguiu colocar o Cruzeiro nos trilhos. Emerson Avila está na corda bamba e o time celeste pode trocar, a qualquer momento, de técnico pela terceira vez na competição.

FALTA DE PADRÃO DE JOGO E DESENTROSAMENTO
A falta de padrão de jogo e o desentrosamento são as consequências de todas estas mudanças que vive o Cruzeiro. Os técnicos não conseguem repetir os times. As derrotas são os resultados de tantas modificações.

PROBLEMAS DE RELACIONAMENTO
Alguns jogadores não se dão bem. Constantemente é possível verificar problemas envolvendo os meias Roger e Gilberto. Até mesmo o goleiro Fábio entrou nas discussões. Diante dos problemas, Gilberto e a diretoria cruzeirense entraram em acordo e decidiram que o jogador não atua mais na Raposa.

FALTA DE CASA
As obras do Independência e do Mineirão prejudicaram o Cruzeiro. O time ainda não encontrou a casa ideal. Começou jogando em Sete Lagoas, foi para a Ipatinga, depois Uberlândia, voltando, finalmente, para Sete Lagoas. O resultado é a campanha irregular em casa. Em 12 jogos, foram cinco vitórias, três empates e quatro derrotas.



O Atlético tem 25 pontos e está na 17ª colocação, na zona da degola. Com 14 derrotas, é o time que mais perdeu no Brasileirão. Assim como no ano passado, o clube briga para não cair. Faltando 13 jogos para a equipe fazer no campeonato, a meta é ganhar 20 pontos, ou seja, obter seis vitórias e dois empates. Confira alguns motivos que justificam a posição do Galo no campeonato.

CONTRATAÇÕES QUE NÃO VINGARAM
O Galo contratou 24 jogadores este ano. A maioria não vingou. Os únicos considerados titulares são o zagueiro Leonardo Silva, o meia Pierre, que chegou há poucas semanas, e o atacante Magno Alves. Mas os três também frequentaram a reserva. Seis dos contratados já deixaram clube. Nomes de peso, como os atacantes Guilherme e André, os meias Mancini, Richarlyson e Dudu Cearense ainda não conseguiram deslanchar com a camisa alvinegra. Para se ter uma ideia da falta de critério, a diretoria atleticana contratou sete atacantes.

FALTA DE PADRÃO DE JOGO E DE ENTROSAMENTO
Os técnicos Dorival Júnior e Cuca repetiram a equipe do Atlético poucas vezes. O time não tem um padrão de jogo defindo. A torcida não sabe quem é o time titular. Mudanças em todos os setores do time. Do goleiro aos atacantes. Diante de tantas mudanças, o entrosamento da equipe fica prejudicado. Para se ter uma ideia, nos últimos 12 jogos, o técnico Cuca foi obrigado a modificar a dupla de atacantes em nove oportunidades.

ERROS DE ARBITRAGEM
Constantemente, as derrotas do Atlético são creditadas à erros de arbitragem. Na última partida contra o Flamengo, por exemplo, o técnico Cuca deixou o jogo insatisfeito com a atuação da arbitragem de Paulo César Oliveira. Contra o Atlético Goianiense, na 24ª rodada, o treinador reclamou de um gol mal anulado do Galo. Coincidência ou não, o juiz era o mesmo. No clássico contra o Cruzeiro, em agosto, Cuca reclamou do primeiro gol de Montillo. Ele estaria em impedimento. Contra o Bahia, em Salvador, também no turno, muitas reclamações do Atlético, que ainda era comandado por Dorival Júnior.


FALTA DE SORTE E INCOMPETÊNCIA
A sorte também já foi culpada pelo fraco desempenho atleticano. Sorte que anda junto com competência. Seria falta de sorte perder gols cara a cara com o goleiro?

PROBLEMAS NA PREPARAÇÃO FÍSICA
O Galo apresentou problemas na preparação física, principalmente, no primeiro turno. O problema era tanto, que o clube contratou Carlinhos Neves, que também é prepardor físico da Seleção Brasileira. A situação melhorou após a chegada de Carlinhos. Mas os números de toda a competição não ajudam muito. Para se ter uma ideia do drama, 24 dos 42 gols que o Galo sofreu no Brasileirão foram no segundo tempo.

PROBLEMAS NO COMANDO
Há quem diga que os problemas do Atlético estão no comando técnico. Dorival Júnior saiu com apenas quatro vitórias, três empates e oito derrotas. Cuca chegou, mas o time continua no buraco. Com ele, foram três vitórias, um empate e seis derrotas.

FALTA DE CASA
Assim como no Cruzeiro, a falta de uma casa também prejudicou o Atlético. O time já jogou em Ipatinga e em Sete Lagoas. São quatro vitórias, dois empates e seis derrotas em casa.



O América está há três meses ou 20 rodadas na zona do rebaixamento.É o lanterna com 19 pontos. Para muitos, o Coelho já está rebaixado. Afinal, a equipe tem que vencer oito e empatar dois dos 12 jogos que restam. Abaixo, um resumo do que pode ter acontecido com o América.

ELENCO LIMITADO
O América manteve a base do ano passado e fez 15 contratações para este ano. Jogadores que formam um bom time, mas para a Série B. O Coelho não tem nenhum jogador capaz de decidir uma partida. Tem apenas operários, o que é insuficiente para se manter na elite do futebol brasileiro.

FALTA DE TORCIDA
Há partidas que o torcedor faz a diferença. O América foi o time que mais sofreu com as obras do Independência e do Mineirão. O Coelho não tem muitos torcedores no interior. Por isso, a média de público é a pior do Brasileirão.

TROCAS DE COMANDO
O América já trocou de comando em duas oportunidades. Mauro Fernandes, o herói da Série B, deu lugar a Antônio Lopes, que saiu para a entrada de Givanildo Oliveira. Destes, o maior erro da diretoria americana foi contratar o delegado Antônio Lopes. O técnico, que conhecia muito pouco o time, conseguiu aumentar a insatisfação dos próprios jogadores.



Confira a matéria do Esporte Fantástico Minas sobre a situação de risco dos clubes mineiros:

terça-feira, 6 de setembro de 2011

O outro lado do futebol

Luciano Dias (@jornlucianodias)

Você está acostumado a ver o futebol com estádios cheios, com jogadores assediados, movimentação intensa do lado de fora. Mas nem sempre é assim. A maioria dos jogos oficiais disputados no "país do futebol" é feito com estádio vazio, sem narradores, sem o tradicional churrasquinho do lado de fora...

O Esporte Fantástico Minas (TV Record) embarcou nesta aventura e mostrou o outro lado do futebol. Acompanhou uma partida entre o Coimbra de BH e o Social de Coronel Fabriciano, pela Segunda Divisão do Campeonato Mineiro. Lembrando que essa divisão equivale à terceira, já que o futebol mineiro é dividido em Módulo 1, Módulo 2 e Segunda Divisão.

O jogo foi disputado no Estádio Castor Cifuentes, o Alçapão do Bonfim de Nova Lima, em plena segunda-feira. Em campo, dois times em busca de voos mais altos no futebol mineiro. O Coimbra é um time fundado em 2006. Um dos donos é empresário do atacante Afonso Alves, ex- Atlético-MG e Seleção Brasileira. Já o Social tem mais tradição no Estado. Esteve em 2009 na elite de Minas. O destaque do time socialino é o goleiro Rodrigo Posso, que fez história no Ipatinga.

O jogo começou com quase 30 minutos de atraso porque não tinha ambulância, Polícia Militar e Guarda Municipal. De acordo com a legislação desportiva para campeonatos profissionais, uma partida não pode ser iniciada sem a presença da segurança pública e dos profissionais e equipamentos de saúde.

As arquibancadas estavam vazias. Presentes, apenas parentes de jogadores e meia dúzia de fanáticos (coloca fanático nisso) por futebol. Pouco mais de 100 pessoas pagaram ingressos e geraram uma renda de 880 reais para o Coimbra. Prejuízo para o time belorizontino, já que as despesas com o jogo foi de 2.140 reais. Ou seja, partida realizada é igual a prejuízo para os clubes pequenos. Do lado de fora, poucos sabiam que ia ter jogo no Alçapão do Bonfim. Muitos pensaram que era alguma pegadinha.

A situação do gramado do estádio Castor Cifuentes também era sinônimo de prejuízo. Estava péssima (normal), atrapalhando o "espetáculo".

Ah, você deve está se perguntando: quanto ficou o jogo? A partida foi o retrato de tudo que foi destacado nesta matéria: 0 a 0.

Veja a matéria do Esporte Fantástico Minas: