quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Quatro dias de muita emoção

Em 1983 surgiu a idéia de refazer o caminho de D. Pedro II, do Rio de Janeiro até a cidade de Vila Rica (atual Ouro Preto), só que no lugar de cavalos utilizar motos para traçar este percurso. O problema que a rota foi exatamente a mesma realizada pelo nosso segundo Imperador e no lugar das estradas asfaltadas, pedras terra e muita poeira. Essa idéia tomou corpo e hoje este passeio tornou no maior enduro de regularidade do mundo.

O Enduro da Independência acontece tradicionalmente em setembro, mês que o Brasil se libertou do poder português. Todos os anos o percurso é alterado, o que começou com uma imitação da viajem de D. Pedro II. Hoje, após 26 anos de história, o percurso foi realizado apenas em território mineiro, começando em Poços de Caldas e terminando na cidade de Betim.

A fama da prova é reconhecida em todo o Brasil, por isso, temos pilotos dos quatro cantos do território nacional. As grandes potências do esporte estão em Minas, no Mato Grosso e no sul do país. E pessoas de todas as idades querem se aventurar e desafiar seus limites, para isso existem várias categorias: Master (profissionais), Senior (Semi-profissionais), ou pode-se dizer a segunda divisão do esporte, Over 40 (pilotos acima de 40 anos), over 50, júnior, feminino, amador e duplas.

A largada aconteceu em Poços de Caldas, cidade do sul de Minas, que abriu os braços para ser o berço do Independência de 2008. Em retribuição ao acolhimento da cidade de origem, os pilotos, no dia anterior a larga oficial, desfilam pelas ruas da cidade em sua potentes máquinas. Este passeio já é tradicional e todos os anos a cidade que abre a prova é agitada pelo barulho dos motores e iluminada com o brilho dos faróis.

Depois da festa começa a competição. A largada de um enduro grande como este, demora cerca de duas horas e meia, isto porque cada moto parte de 30 em 30 segundos - são mais de 450 motos inscritas e há uma pausa na largada de cada categoria. Como é uma prova de regularidade a posição de largada não importa, o que importa é fazer o percurso no tempo estabelecido.

O percurso é dividido em trechos e entre estes há fiscais - PCs (postos de controles) -. que controlam o tempo percorrido. O objetivo de cada piloto é zerar o seu tempo em cada PC ( não adiantar ou atrasar o tempo) e para cada segundo de variação há uma penalidade é somada. No final do Enduro, o vencedor é quem somar menos pontos.

De Poços de Caldas, os pilotos partiram em direção a Lambari, pequena cidade do Circuito das águas mineiras, que recebeu com muita festa as motos. Escolas pararam as aulas e os alunos com bendeirinhas do Brasil saudaram a chegada dos competidores. Além da recepção, a noite também foi de festa, já que a prefeitura fechou a praça principal da cidade para comemorar a passagem do Enduro.

Para aguentar os 950 Km de percurso, os pilotos tem pit stops no final dos trechos. Estas paradas são chamadas de Neutros e duram entre 20 e 30 minutos. Este è o tempo que os pilotos tem para se alimentar, abastecer suas motos e fazer alguns reparos. Para o auxílio, existem as equipes de apoio que geralmente contam com um mecânico e um ajudante.

O segundo dia de prova foi o que teve mais obstáculos ou como diz os pilotos, mais apuros. O trecho entre Lambari e Tiradentes teve pelos caminhos as pedreiras de São Tomé das Letras. Lá muitos rolharam, ou melhor tiveram dificuldades para passar os pontos de broca (lugares de dificil passagem). Mas no final do dia todos chegaram realtivamente bem a cidade de Tiradentes.

A segunda metade da prova começou com a rota das cidades históricas. O destino do terceiro dia é a cidade de Mariana, mas até lá são mais de 280 Km, a maior distância a percorrer num dia. No meio do caminho, em Lagoa Dourada, a participação da população foi intensa. Com enxadas e galões de águas as pessoas cavavam valas para atolarem as motos. No fim, todos conseguiram chegar ao destino de mais um dia.

Agora é a reta final, o quarto dia, o mais curto. De Mariana a Betim, em 12 horas, o vencedor vai cruzar a linha de chegada e levar o caneco do maior Enduro de regularidade do mundo. E quem teve esta honra foi o piloto Dário Júlio, da categoria Master. Se você quiser saber os campeões das outras categorias e a classificação final, acesse o site http://www.tcmg.com.br/.


Rafael Rebuiti

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