terça-feira, 14 de abril de 2009

Futebol respira na terra da rainha

Thiago Ricci

Um verdadeiro espetáculo foi protagonizado hoje no Stamford Bridge, em Londres. Chelsea e Liverpool deram um presente aos amantes do futebol, com oito gols - quatro cada - de aperitivo e, como prato principal, uma prova de que o futebol continua vivo. Mais emblemático ainda a nacionalidade dos times envolvidos e a sede do show: Inglaterra.

O país, conhecido como o criador do esporte, é ironicamente taxado como praticante de um futebol pouco vistoso, baseado nos famosos chuveirinhos. O confronto desta tarde mostrou - assim como as semifinais do Paulista e Carioca - que os atuais futebolistas não são inferiores aos de outros tempos. É preciso, por mais difícil que seja para o homem, deixar de ser saudosista e analisar o jogo praticado com os pés como algo que sofre evolução, igual a tudo na vida.

Podemos sim discutir se o caminho que o futebol está trilhando é positivo, entre outros pontos, esteticamente. Mudança que acontece com todos os esportes. Acredito que seja praticamente unanimidade que o vôlei jogado hoje é muito mais atraente do que o de tempos atrás, que havia a cansativa vantagem. Já não tenho tanta certeza quanto ao tênis - que não sofre nenhuma mudança significativa no sistema de disputa há décadas.

O esporte de origem inglesa perdeu muitas daquelas jogadas quase poéticas de Garrinchas, Djalmas, Ademir's, Friedenreichs, Lêonidas etc. Mas se for fazer uma análise tática, física e do ponto de vista da marcação, o futebol jogado, principalmente até os anos 60, era risível. Da mesma forma que o jogaço de Londres deixou a tática em segundo plano, especialmente no segundo tempo.

Enfim, a discussão é muito ampla e ela deve existir até para forçar que o esporte consiga aliar a evolução (sobretudo física) com a beleza e a plasticidade habituais. O que não pode ser ignorada é a tendência natural de mudar-se, modificar-se, reinventar-se. E torcer para que o pragmatismo sempre fique longe de um esporte tão maravilhoso como o visto hoje - uma pintura, desde a jogada de letra que deixou Fernando Torres na cara do gol até o mergulho heroico de Essien para mudar o destino certo da bola.


Obs.: Até quando o Dunga conseguirá ignorar o futebol de Fábio Aurélio?
Obs.2: Como o jogo seria se o craque Gerrard tivesse jogado?

4 comentários:

Bruno Miranda disse...

Jogasso. Um dos melhores dos últimos anos. Lembrei daquele jogo entre Milan e Liverpool, se eu nao me engano em 2006.

Vinicius Grissi disse...

Um dos grandes jogos da história do futebol. Dois ótimos times que lutaram até o último minuto pela classificação.

Unknown disse...

Cheguei do trabalho faltando uns 15 minutos para o fim, e foi um dos melhores jogos que já vi (neste tempo aconteceram 3 gols). Só não supera Milan e Liverpool em 2005 porque não era uma final...

Unknown disse...

Maldito Dudek que aposentando salvou uma bola em cima da linha, desconsolando até entao o matador Andriy Shevchenko pra total obstinado coraçao roçaneiro.