segunda-feira, 19 de julho de 2010

Aventura na Arena do Jacaré

Luciano Dias (@jornlucianodias)

Sete Lagoas, a 70 quilômetros de Belo Horizonte, é a casa de América, Atlético e Cruzeiro neste segundo semestre. Tudo por causa de um erro de planejamento dos orgãos públicos. Com o início da reforma do Mineirão, estava previsto que os times da capital mandariam seus jogos no Independência. Mas o atraso nas obras do estádio do bairro Horto, na região Leste de BH, mudou o planejamento dos clubes.

Sem Independência e sem Mineirão, os torcedores de América, Atlético e Cruzeiro que moram na capital foram castigados. Os times de Belo Horizonte optaram em realizar a maioria dos jogos no Estádio Joaquim Henrique Nogueira, mais conhecido como Arena do Jacaré, em Sete Lagoas. Mesmo sendo o estádio mais próximo e ter passado por uma reforma completa, na qual foram investidos R$ 15,6 milhões, a Arena do Jacaré não está tão pronta assim para receber partidas da elite do futebol brasileiro.

O Acréscimos esteve no estádio neste domingo (18), no duelo entre Cruzeiro e Goiás, pela 9ª rodada do Brasileirão. Nem mesmo a vitória da Raposa por 1 a 0 amenizou as críticas dos torcedores. O comerciante José Francisco Soares, por exemplo, destaca que não vale a pena sair da capital e pagar 40 reais para assistir o jogo do time do coração na Arena do Jacaré. "Apesar das cadeiras, o estádio não tem muito conforto. Se chover, os torcedores não têm nenhuma proteção. Além disso, boa parte das cadeiras estão sujas".

As reclamações de José Francisco são pertinentes. Assistir aos jogos em Sete lagoas é uma veradeira aventura. De fato, a Arena do Jacaré é coberta apenas no setor de imprensa. Infelizmente é assim em grande parte dos estádios brasileiros. A sujeira das cadeiras se refere à poeira das obras. A impressão que se passa é que o estádio realmente não está pronto. Em várias partes, é possível encontrar vestígios de que falta algo para terminar. Do lado de fora, alguns trechos ainda não foram asfaltados. Falta também sinalização adequada, principalmente com relação aos setores de entrada.

No espaço destinado a quem comprou o ingresso "mais barato" - de R$ 40 (R$ 20 meia-entrada) -, há apenas um banheiro masculino e outro feminino, além de um menor para deficientes físicos. Pelo menos, para suprir a demanda, vários sanitários químicos foram colocados.

E para quem pensa que o torcedor que paga o ingresso mais caro (R$ 80 nos jogos do Cruzeiro) tem muitas vantagens, está enganado. Os únicos privilégios são a situação dos banheiros e a menor lotação do bar. No mais, por ironia, apenas desvantagens. A visibilidade da "cadeira especial", por exemplo, é pior do que nos outros setores do estádio.

As condições da Arena do Jacaré e a distância da capital resultam no pequeno número de torcedores que está pagando para assistir aos jogos no estádio. No confronto entre Cruzeiro e Goiás, apenas 3.578 pagantes. No duelo entre os Atléticos de Minas e de Goiás, na última quinta-feira (15), somente 3.179 pessoas pagaram ingressos.

E percorrendo o trajeto para chegar ao estádio, parece que nem a população de Sete Lagoas está mobilizada com os jogos do Campeonato Brasileiro. Não tem clima de jogo. Sensação muito estranha!

Condições do gramado

As condições do campo não agradaram os jogadores de Cruzeiro e Goiás no duelo deste domingo. Observando das arquibancadas, é possível verificar que as bolas rasteiras "quicam" demais. Na linguagem do futebol, podemos dizer que a bola "fica viva". Olha que o gramado é todo novo. Foi replantado e refeito o sistema de drenagem. No entanto, tem muitas ondulações.

O atacante cruzeirense Thiago Ribeiro destacou, após a partida, que fica difícil dominar a bola e isso, segundo ele, beneficia o marcador.

E a tendência é que o gramado fique ainda mais prejudicado. Em 16 dias, de 15 de julho até o clássico entre Atlético e Cruzeiro no dia 1º de agosto, serão sete jogos na Arena do Jacaré, incluindo as duas partidas do América pela Série B.

É válido lembrar que, por segurança, o clássico terá a presença apenas da torcida do Galo, já que o mando de campo é do time alvinegro.

Dificuldades para a imprensa

O setor onde está posicionado a imprensa também é muito criticado pelos jornalistas. O número de cabines é mais do que insuficiente para comportar todos os cronistas. Boa parte dos jornalistas trabalham ao ar livre. Cinegrafistas, computadores e equipamentos ficam em locais improvisados. É possível verificar um emaranhado de fios espalhados pelas arquibancadas.

Com isso, os torcedores que pagaram para ficar no "setor especial" são praticamente empurrados para as partes laterais das arquibancadas, onde a visibilidade não é das melhores.

Ressalvas e pontos positivos

A Assessoria da Prefeitura de Sete Lagoas destaca que foi avisada "em cima da hora" que seria a casa dos clubes da capital durante a disputa do Campeonato Brasileiro. Por isso, a impressão de que o estádio ainda não está pronto. Ainda segundo a assessoria, a sinalização das vias já está sendo implantada e as obras no entorno devem ser finalizadas em 30 dias.

Já o Governo do Estado informou que a Arena do Jacaré passará por várias modificações. Pode-se citar a ampliação do espaço dedicado à imprensa, a criação de espaços para cadeirantes ao longo de toda a arquibancada e o aprimoramento das áreas destinadas à circulação do público. Sobre o andamento das obras do Mineirão e do Independência, o Governo afirmou apenas que está tudo dentro do cronograma.

É válido deixar claro que as condições atuais da Arena do Jacaré não suportam os jogos importantes. Partidas, por exemplo, da Série A do Campeonato Brasileiro. Por enquanto, trata-se apenas de um belo estádio para atender as partidas do Campeonato Mineiro e das séries inferiores do Brasileiro.

Mas, as perspectivas da Arena do Jacaré são muito positivas. O projeto do estádio é muito interessante. Veja a maquete abaixo:


A expectativa é de que a Arena do Jacaré comporte 25 mil torcedores. Por enquanto, os laudos do Corpo de Bombeiros permitem que o estádio tenha apenas 13.770 pagantes.

Destaque para a iluminação da Arena do Jacaré, que é excelente. As condições para deixar os veículos, mesmo o estacionamento não estando totalmente pronto, tambêm devem ser ressaltadas. A previsão é de que o estádio tenha um espaço para comportar cerca de 700 carros. De qualquer forma, há vários espaços disponíveis para deixar os veículos nos arredores da Arena do Jacaré. Ao contrário, por exemplo, do Independência, onde as dificuldades de estacionar em jogos de grande público são muito grandes.

Opções para chegar à Arena do Jacaré

Os torcedores de Belo Horizonte têm duas opções para chegar à Arena do Jacaré. A mais utilizada e a melhor opção é pela BR-040. A pista é duplicada em toda sua extensão, de BH a Sete Lagoas. Trata-se de uma via de trânsito rápido. O condutor deve ficar atento à vários radares móveis e aos pontos com alto índice de acidentes.

A outra opção é a MG-424, trajeto que o blog seguiu para assistir Cruzeiro e Goiás. É o melhor caminho para os torcedores que moram na região Norte da capital e nas cidades da Região Metropolitana, como Santa Luzia, Lagoa Santa, Pedro Leopoldo, Vespasiano e Matozinhos. A MG é duplicada entre BH e Pedro Leopoldo. Após este trajeto, o trânsito fica mais lento, principalmente por causa da não duplicação e das condições da pista. Há vários buracos, principalmente no trecho de Matozinhos.

Chegando em Sete Lagoas, é possível encontrar várias sinalizações referentes ao estádio Arena do Jacaré.

Um comentário:

Maiara disse...

Crítica muito boa. Com o texto podemos perceber que realmente a Arena não está preparada para receber um clássico cruzeiro e atlético, apesar disto acontecer no próximo domingo.