quinta-feira, 26 de março de 2009

Ronaldo, um brasileiro

Thiago Ricci

Ronaldo nos surpreendeu mais uma vez, ontem, ao marcar dois gols pelo Corinthians. Mesmo em forma de jogador de futebol de pelada, ostenta a excelente marca de 4 gols em 5 jogos. Abaixo, reproduzo um editorial que fizemos para a faculdade. O tema é controverso e mais uma vez sua participação é fundamental.


Ronaldo Luís Nazário de Lima mais uma vez protagonizou aqueles episódios dignos da fama que carrega. Após mais de um ano sem jogar sequer alguns minutos de uma partida oficial, o Fenômeno precisou de pouco mais de 50 minutos para marcar, de forma cinematográfica, contra o arquirrival Palmeiras.

O fato se tornou uma benção para a mídia esportiva. Foram semanas de uma cansativa repetição do maior xodó do futebol brasileiro dos últimos tempos. E, agora, o gol no clássico foi bravamente comemorado pelos editores esportivos, que ganharam uma sobrevida para voltar a metralhar incansavelmente Ronaldo para ouvintes, leitores, telespectadores e internautas. É inegável que o jogador é fora de série. Além de mostrar habilidade singular, conseguiu driblar três graves lesões em ambos joelhos.

Até 2002, Ronaldo ganhou 17 prêmios individuais, entre Chuteira de Ouro, World Soccer, France Football e FIFA. Foi da FIFA a última agraciação recebida por ele, em 2003, ainda reflexo da atuação na Copa do ano anterior. Os títulos recebidos por Cruzeiro, PSV, Barcelona, Internazionale, Real Madrid e Seleção Brasileira também sofreram o mesmo impacto. Dos 17 abocanhados pelo jogador, 14 foram conquistados até 2002. O que é completamente ignorado pela mídia é o exemplo negativo que o Fenômeno traz a uma nação carente de modelos. Após a volta triunfal na Copa do Mundo de 2002, quando foi um dos principais na conquista brasileira, o jogador abdicou de ser profissional para curtir a fama de uma verdadeira celebridade.

Até a frequência foi prejudicada. Desde 2004, quando conseguiu emplacar sete jogos seguidos, Ronaldo teve média de presença em somente 26% dos jogos que sua equipe, Milan, fez. Números desprezíveis para um jogador profissional.

A celebridade, desde então, se envolveu em diversas polêmicas, como saídas em boates, fotos que o mostram completamente fora de forma, fumando e bebendo bebidas alcoólicas. Em abril do ano passado, o fato que ganhou maior repercussão: Ronaldo teve um imbróglio com três travestis no Rio de Janeiro.

Afirmações como “ele já fez tudo que um jogador poderia desejar” são frequentes quando a seriedade de Ronaldo é colocada em xeque. O que parece ser difícil para parte dos brasileiros entenderem, talvez pela grande quantidade de exemplos maléficos, é que a celebridade não deixou de ser jogador de futebol. E ainda recebe – e muito bem – para exercer tal profissão. No caso especificamente do Fenômeno, a discussão poderia ser se os fins justificam os meios. Isso, graças ao talento fora do comum do jogador.

Mas o que está sendo questionado é a responsabilidade social que tamanho ídolo tem com seus fãs. A influência é potencializada quando se fala do âmbito futebolístico, tão importante para os brasileiros – já dizia Nelson Rodrigues em sua famosa expressão de síndrome de vira-latas. Atitudes como a de Ronaldo, Ronaldinho, Robinho ou até de Fernando Collor, que estragam a carreira e simplesmente conseguem voltar ao “poder”, somente incentivam o batido jeitinho brasileiro, que pode ser traduzido em falta de planejamento, trabalho e profissionalismo.

Obviamente, problemas de cultura de toda uma nação não podem ser reduzidos a Ronaldo. Mas somente quando ídolos como ele tiverem a real noção da influência que exercem na sociedade, é que poderemos esperar ações dignas de tamanho status.

2 comentários:

Vinicius Grissi disse...

Ronaldo é rei. Ponto final. 100 kgs acima do peso ele vai continuar sendo um dos melhores jogadores do país.

Anônimo disse...

Fenômeno!