quinta-feira, 20 de outubro de 2011

POR ONDE ANDA? Dimba

Luciano Dias (@jornlucianodias)

Ele demorou sete anos para descobrir o nome verdadeiro. No currículo, gol do título Carioca de 1997, quando atuava pelo Botafogo, além de artilharias importantes, como o do Campeonato Brasileiro de 2003 com incríveis 31 gols vestindo a camisa do Goiás. O POR ONDE ANDA? foi atrás de Editácio Vieira de Andrade, mais conhecido como Dimba. Este ano, o jogador voltou à juventude e trocou as chuteiras de campo pelas de futebol de salão.

O começo e a demora

Demora. Palavra que anda junto com Editácio Vieira de Andrade, apelidado carinhosamente de Dimba pelos familiares. Por incrível que pareça, o jogador, que nasceu em Brasília e foi criado em Sobradinho, demorou sete anos para descobrir o verdadeiro nome.

Ele estava na primeira série e, durante uma aula, a professora procurou por Editácio. Ninguém levantou o dedo. Depois de fazer uma rápida pesquisa, a mestre foi em direção ao aluno e disse quem era o Editácio. O estudante ficou assustado e insistiu que seu nome verdadeiro era Dimba. Apenas ao chegar em casa é que veio a conclusão: Editácio era realmente o Dimba.

Além de demorar a descobrir o próprio nome, o garoto também demorou a se destacar como jogador. Foram nas quadras de Sobradinho que Dimba deus os primeiros chutes e engatinhou para o futebol.

Mas, com o passar dos anos, as quadras ficaram pequenas para a ascensão do atleta. Então, resolveu trocar o salão pelos gramados. Olha que ele demorou a fazer a mudança, que aconteceu apenas com 21 anos, em 1994.

O primeiro clube de Dimba foi o Sobradinho. Depois, atuou pelo Brasília e pelo Gama, retornando ao time da cidade natal em 1996, ano do primeiro feito como atleta. O jogador foi o artilheiro do Campeonato Candango e, mesmo estando em uma região com pouca tradição no futebol, despertou interesse de grandes clubes.

O herói

Em 1997, a primeira chance em um time grande. Dimba foi comprado pelo Botafogo, que apostou no faro de artilheiro do jogador. O atacante, que sempre ficava no banco de reservas nos primeiros meses no Fogão, se transformou no herói do título Carioca daquele ano. Ele entrou na decisão contra o Vasco e fez o gol da conquista. A felicidade era tão grande, que Dimba chegou a comer grama durante a comemoração.

A boa fase no Botafogo parou por aí. Dimba era apontado como o substituto de Túlio Maravilha. Mas, com atuações irregulares, ele virou apenas uma moeda de troca do alvinegro em 1998.

O Cigano

Em menos de dois anos, Dimba atuou por quatro clubes: América-MG, Portuguesa, Bahia e Leça (POR). Parecia que sua carreira não iria decolar. Em 2000, voltou para a reserva do Botafogo. Uma passagem melancólica. Em um ano, o jogador atuou somente quatro partidas como titular e entrou outras 20 vezes no segundo tempo. Foram apenas quatro gols e contrato reincidido a oito meses do fim.

A situação não andava nada boa. Os gols desapareceram. Não deu outra: Dimba resolveu voltar para o Centro-Oeste em 2002 para ficar perto da família e tentar levantar a carreira. Ótima escolha para o recomeço.

O artilheiro do Brasil

Os gols reapareceram no Centro-Oeste. No Gama, em 2002, foram 40 gols durante a temporada – um a mais do que Romário. Sua equipe caiu para a Segundona do Brasileiro, mas Dimba ganhou uma nova chance no mundo do futebol.

Em 2003, o atacante apareceu muito bem no Goiás. Dimba conseguiu voltar os holofotes de todo Brasil para si. Durante o primeiro Campeonato Brasileiro de pontos corridos, o atacante foi o artilheiro isolado da competição, com impressionantes 31 gols.

A valorização foi imediata e, diante de tantas propostas, o jogador preferiu atuar no futebol árabe, mais precisamente no Al-Ittihad, da Arábia Saudita. Por lá, o artilheiro ficou apenas no primeiro semestre de 2004. O suficiente para aumentar a conta bancária.

No mesmo ano, Dimba era apontado como a solução de gols para o ataque do Flamengo. Mas o atacante não vingou. Pelo contrário. Apesar de um bom começo, decepcionou a torcida rubronegra. Marcou apenas 14 gols em 37 partidas. Sob enorme pressão da diretoria, da torcida e da imprensa esportiva, deixou o time carioca no início de 2005, quando passou a vestir a camisa do São Caetano.

A boa fase foi recuperada no Azulão, mas a queda para Série B em 2006 decretou a saída do jogador do clube do ABC Paulista.

De volta ao Centro-Oeste

Se a fase não era boa no Sudeste do País, Dimba sempre foi sinônimo de gols e de solução para os clubes do Centro-Oeste. Pelo menos foi assim em 2001, quando deixou o Botafogo para atuar no Gama.

Em 2007, foi contratado pelo Brasiliense, time que se destaca por contratar jogadores mais rodados. No Jacaré, ficou até agosto de 2008.

Já considerado veterano, Dimba continuou no futebol do Distrito Federal. Entre 2009 e 2010 atuou por Ceilândia e Legião. Este ano, voltou ao Ceilândia, participando da modesta campanha da equipe no Campeonato Brasiliense. Chegava a hora de deixar os gramados.

Outro recomeço

Chegava a hora de deixar os gramados, mas não o futebol. Com 37 anos, Dimba resolveu voltar às origens e retornou ao futsal. Ele é um dos reforços do Peixe Brasília para a disputa o Campeonato Brasiliense, da Copa Brasília e da Taça Brasil de Futsal.

Logo na primeira partida por sua nova equipe, Dimba, que agora joga na posição de pivô, já demonstrou o seu faro de matador. Desta vez, ele jogou a demora para escanteio. Mesmo acima do peso e sem a melhor readaptação nas quadras, marcou dois gols já na sua estréia pela Copa Brasília.

Um belo recomeço para este jogador que faz questão de ressaltar no futsal uma frase que o marcou no futebol de campo: “Onde o Dimba está, tem gol”.

Em relação ao fim da carreira, Dimba deixa claro que não desistiu dos gramados e quer ganhar mais títulos no futebol de campo para, aí sim, se aposentar.

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