segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Onde estão os apelidos?

Luciano Dias

Tão presente nos campos brasileiros quanto os dribles e os gols, o apelido sempre fez parte do conjunto de símbolos distintivos do nosso futebol. Como exemplos claros, grandes jogadores da história nacional: Pelé, Garrincha, Didi, Tostão, Zico, Dunga, Bebeto...

Os apelidos ainda continuam presentes entre os atletas brasileiros. Mas, nos últimos anos, observa-se a profusão dos nomes compostos e a adoção dos sobrenomes. Veja este time selecionado na Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro:

Fernando Henrique, Leonardo Moura, André Dias, Leonardo Silva e Júlio César; Márcio Araújo, Rodrigo Souto, Cleiton Xavier e Leandro Domingues; Victor Simões e Diego Tardelli

Tem também esta escalação:

Eduardo Marttini, Márcio Gabriel, Welton Felipe, Ronaldo Angelin e Thiago Feltri; Rafael Miranda, Douglas Costa, Lúcio Flávio e Diego Souza; Jorge Henrique e Kleber Pereira

Onde estão os apelidos? Ainda existem muitos. Mas, estão em decadência. Basta comparar o elenco tetracampeão da Copa de 94 com a nossa seleção atual.

Em 94, Branco, Cafu, Dunga, Mazinho, Zinho, Bebeto, Viola, Zetti, Muller faziam parte da equipe. Na convocação da seleção que enfrenta a Estônia , apenas o melhor deles tem apelido: Kaká. Tem Robson que se transforma em Robinho e Luis que vira Luisão. Estes entram em classes “tímidas” de apelidos (se é que podemos considerar apelidos): a dos aumentativos e dos diminutivos. Os demais convocados são nomes comuns, nomes compostos e sobrenomes.

Em 1930, na primeira Copa do Mundo, no Uruguai, o Brasil apenas engatinhava nos gramados, e já contava em sua linha com legítimos representantes da tradição de desprezar nomes de batismo. Brilhante, Nariz, Russinho e Preguinho estavam lá.

Mas, hoje a história é bem diferente. Na Série A do Brasileirão deste ano, poucos jogadores possuem apelidos. Destaques para os isolados Toró, Obina, Triguinho,Tcheco, Tchô, Aranha, Indio, Neneca, Magrão, Dentinho, Boquita e Muriqui.

Tem alguns que adicionam os apelidos aos nomes, tais como Gérson Magrão, Wellington Saci, Bruno Batata, Leo Gago, Leandro Guerreiro e Carlinhos Bala. Outros acrescentam o estado onde nasceu ou se destacou ao nome. Marquinhos Paraná, Marcelinho Paraíba, Carlinhos Paraíba, Marcelinho Carioca, Wellington Paulista, Alex Mineiro, Júnior Carioca, Sandro Goiano, Fabinho Capixaba, Val Baiano, Serginho Mineiro, Fábio Bahia.

No mais, o que se encontra em maior quantidade são apelidos sem muita criatividade. Voltemos às classes dos aumentativos e dos diminutivos. Marcinho, Marcão, Luisinho, Chicão, Juninho, Fabinho, Fabão, Marquinhos, Diguinho, Renatinho, Andrezinho e Vandinho. Tem alguns jogadores que preferem apenas abreviar os nomes. Fred, Leo, Fhael, Chico e Roni

Mas, vira e mexe, a gente se depara novamente com a overdose de nomes compostos. Então, vão mais alguns. Que tal estas escalações?

Fábio Costa, Wagner Diniz, Luis Alberto, Thiago Heleno e Márcio Azevedo; Eduardo Costa, Carlos Alberto, Jorge Vagner e Antônio Flávio; Éder Luis e Rafael Moura

Ou

Rogério Ceni, Marcos Rocha, André Turatto, Antônio Carlos e Júnior Cesar; Roberto Brum, Wellington Monteiro, Pedro Ken e Luciano Henrique; Thiago Ribeiro e André Lima

Imperadores, Fenômenos e Gladiadores ficam, principalmente, por conta da torcida. Apelido mesmo, só na bandidagem: Elias Maluco, Fernandinho Beira-Mar, Marcinho VP, Uê, Ratinho, Gordo, Buda, Lesado e Escadinha.

5 comentários:

Bruno Miranda disse...

Os apelidos são mto engraçados e são marcas do futebol brasileiro. Devem voltar.

Vinicius Grissi disse...

Bem pensado. Nunca tinha pensado nisso. Mas é só observar que o fenômeno (não é o Ronaldo) não acontece só no Brasil. Os apelidos estão em falta no mundo todo. E nem é só no futebol.

Saulo disse...

Muito bem lembrado.
Está em falta mesmo os apelidos e o apelido é sempre bem vindo no futebol.

Fábio disse...

O futebol mudou. Está cada vez mais comercializado, prevalecendo o sobrenome dos jogadores.

Vinicius Grissi disse...

Desistiram disso aqui?