terça-feira, 16 de junho de 2009

Cartas dentro do baralho

Luciano Dias



Curinga, também conhecido como coringa ou melé em algumas regiões, é a carta do baralho que, em certos jogos, muda de valor conforme a combinação de cartas que o jogador tem em mãos. Normalmente, o curinga é uma carta de conteúdo especial.

O que isso tem a ver com o futebol? Tudo, principalmente hoje em dia. No futebol, um curinga é aquele jogador versátil, que atua em várias posições. Estes atletas são de grande valia para os treinadores. Que o diga o técnico do São Paulo, Muricy Ramalho.

“Hoje o futebol brasileiro exige que um clube tenha atletas versáteis. O Real Madrid pode ter dois nomes para cada posição, mas no Brasil não funciona assim, temos que pensar no clube na hora de contratar. Jogadores que atuam em várias posições são fundamentais e temos isso aqui”, destaca o treinador, no final de 2008.

No Tricolor Paulista, os destaques são os volantes, laterais e zagueiros Zé Luis e Richarlyson. Eles são peças fundamentais no elenco do São Paulo, na posição de origem ou não. Sem contar com Rogério Ceni, que bate falta com precisão maior do que muitos jogadores de linha. Será os curingas, o segredo do Tricolor Paulista para as glórias dos últimos anos?

No Cruzeiro, o curinga Marquinhos Paraná é o jogador mais regular do elenco. Volante de origem, já atuou também nas duas laterais, na zaga e na armação. Para o treinador Adilson Batista, Paraná simplesmente “brinca de jogar bola”.

No elenco da seleção que disputa a Copa das Confederações, Júlio Baptista é o melhor exemplo. Na convocação de Dunga, ele é chamado como meio-campo. No seu clube, o Roma (ITA), ele atua como um segundo atacante. O seu melhor momento da carreira foi no Sevilla (ESP) como centroavante – o camisa 9. No São Paulo, Júlio já foi atacante, meia, lateral-direito e até mesmo zagueiro.

Para o auxiliar-técnico da seleção Jorginho, Júlio é muito importante para o Brasil. "Ele é um jogador chave para a Seleção. Ele toda vez entra bem, é forte, versátil. Pode jogar como volante, meia e atacante", avaliou Jorginho após o empate do Brasil contra o Equador, em Quito, em março, pelas Eliminatórias. Lembrando que Jorginho também era chamado de curinga quando era jogador. Era lateral-direito, mas também fazia as vezes de volante e articulador.

Mas, nem sempre é vantagem ser curinga. Pará, do Santos, é um bom exemplo. O site oficial do Peixe classifica Pará como lateral esquerdo. "Sempre fui meia. Ou segundo volante, vindo de trás". A confusão é justificável. Pará já jogou nas duas laterais do Santos, além de atuar na armação e na contenção do meio-campo. O jogador reconhece que dificilmente conseguirá ser titular da equipe comandada por Vágner Mancini sem se firmar em um setor do campo.

Confira outros curingas nos elencos de algumas equipes da Série A:

Atlético-MG – Carlos Alberto, Júnior

Atlético-PR – Zé Antônio

Botafogo – Eduardo, Leandro Guerreiro

Cruzeiro – Marquinhos Paraná

Corinthians – Alessandro, Escudero (pouco jogou)

Coritiba - Carlinhos Paraíba

Grêmio - Souza

Flamengo – Airton, Toró

Fluminense – Wellington Monteiro, Marquinho


Inter – Bolívar

Náutico – Carlinhos Bala

Palmeiras – Wendell, Sandro Silva

Santos – Pará

Santo André – Fernando

São Paulo – Richarlyson, Zé Luis, Jorge Wagner

Vitória – Jackson, Willian

2 comentários:

Vinicius Grissi disse...

É natural a mudança de posição de um jogador ao longo da carreira, como aconteceu com o Júlio Baptista.

Mas este negócio de jogar cada dia em uma posição, é coisa de futebol brasileiro, pela falta de jogadores qualificados nos elencos.

Fábio disse...

É uma realidade do futebol atual. Os treinadores preferem jogadores deste tipo, como Marquinhos Paraná no Cruzeiro