terça-feira, 11 de maio de 2010

Injustiçados!

Luciano Dias (@jornlucianodias)

Acabou a ansiedade. Terminaram as especulações. Dunga convocou, nesta terça-feira (11), os 23 jogadores para a Copa da África. Alegria para alguns, tristeza para outros. Convocação para Mundial é assim mesmo. Não dá para agradar todo mundo.

Com isso, a mídia e a torcida sempre elegem os jogadores “injustiçados”. Aqueles craques, unanimidades, mas que na hora da verdade foram deixados de fora do Mundial. Na convocação para a Copa da África, a maioria dos torcedores cobra de Dunga os motivos para as ausências de Victor (ou Fábio), Paulo Henrique Ganso, Ronaldinho Gaúcho e Neymar.

Mas, Dunga não é o único “injusto” entre os técnicos que já comandaram a seleção. Todo treinador que convoca o Brasil para os Mundiais sente esta mesma pressão. A história mostra isso. A lista de jogadores "injustiçados", que não foram convocados para determinadas Copas, é muito grande.

A mesma pressão aconteceu com Parreira, Felipão, Zagallo... Vai ocorrer com o treinador da Copa de 2014. Afinal, estamos no país do futebol. Terra em que o número de bons jogadores é semelhante ao de políticos corruptos.

É válido destacar, que não estou defendendo o técnico brasileiro. Pelo contrário. Eu levaria Victor (ou Fábio), Paulo Henrique Ganso, Ronaldinho Gaúcho e Neymar nos lugares de Doni, Josué, Elano e Júlio Baptista, respectivamente. É questão de opinião. Enfim, eu entro no time que está chamando o treinador de "injusto".

De fato, os “injustiçados” por Dunga entram em um seleto grupo. Um grupo de jogadores brasileiros que eram unânimes para a mídia e para a torcida. Mas, não eram unanimidades para os “injustos” treinadores.

Vamos percorrer as copas e verificar os jogadores que foram "injustiçados", segundo boa parte da mídia e dos torcedores. A nossa análise termina na Copa de 1958, ano da primeira conquista brasileira.

Copa de 2006

Alex - Para boa parte dos torcedores, o técnico Parreira não deveria levar Zé Roberto e/ou Ricardinho. E sim, o talento de Alex.

Copa de 2002

Romário - Felipão sofreu. A convocação de Romário era uma obrigação. Era consenso nacional. Não adiantou. Talvez, para o treinador brasileiro, o Baixinho seria sinônimo de conflito na harmoniosa "Família Scolari".

Djalminha - Sem dúvidas, um craque. Mas, ao mesmo tempo, indisciplinado. A cabeçada que o jogador deu no então técnico do La Coruña, Javier Irureta, foi essencial para a não convocação para a Copa. Para muitos, Djalminha é mais um “injustiçado”.

Copa de 1998

Marcelinho Carioca - Para muitos, não teve muitas chances na seleção. Para outros, Marcelinho não conseguia render o mesmo futebol no seu clube, o Corinthians. Zagallo ficou com os outros.

Copa de 1994

Evair - Um jogador frio. Vivia grande fase no Palmeiras. Foi convocado várias vezes para as disputas da Copa América de 1993 e das eliminatórias. Mas, na hora da convocação do Mundial dos EUA, Parreira preferiu Viola, Ronaldinho e Paulo Sérgio.

Copa de 1990

Neto - A não convocação do meia desagradou, principalmente, a imprensa de São Paulo. Para os paulistas, o confuso Sebastião Lazaroni preferia os jogadores cariocas. Neto vivia sua melhor fase no Corinthians. Mas, o treinador brasileiro optou por Bismark, do Vasco.

Copa de 1986

Renato Gaúcho - Principal jogador na conquista do Mundial Interclubes pelo Grêmio, em 1983, o atacante era nome fácil na lista da Copa do México. Mas, dias antes da convocação, fugiu da concentração para ir a uma festa. Para o disciplinador Telê Santana, o suficiente para cortá-lo. Para muitos, uma extrema injustiça.

Copa de 1982

Leão - Então com 33 anos, era o goleiro ideal para aquela mágica seleção. Telê Santana preferiu Valdir Peres, que engoliu um frango contra a União Soviética. Falha que aumentou as reclamações sobre a não convocação de Leão para a Copa.

Copa de 1978

Falcão - Aos 25 anos, era um dos meias mais talentosos da geração pós-Pelé. Era dono do meio-campo do Internacional, onde já havia conquistado vários títulos. Mas, o técnico Claudio Coutinho preferiu a raça de Chicão, do São Paulo, ao invés da categoria de Falcão.

Copa de 1974

O torcedor brasileiro foi o mais "injustiçado".

Copa de 1970

Dirceu Lopes - Craque, mas nasceu em uma época errada. Tinha uma concorrência desleal. Pelé, Tostão, Rivelino, Jairzinho e Gérson. João Saldanha e, depois, Zagallo cortaram o jogador do Cruzeiro. Olha que Dirceu Lopes tinha sido chamado em todos os jogos preparatórios. No lugar dele, foi o irreverente Dadá. O então presidente Médici teria obrigado Zagallo a convocar o Peito de Aço.

Copa de 1966

Djalma Dias - Zagueiro de técnica refinada. Não foi o suficiente para garantir a convocação para aquela Copa. Também ficaria de fora quatro anos depois, no México. Pior que isso, é saber que o filho, Djalminha, 36 anos depois, passaria pela mesma situação.

Copas de 1958 e 1962

Evaristo de Macedo - Atuou em apenas 14 partidas pela Seleção. Mesmo assim, ele ainda estabeleceu um recorde. Foi o único jogador a marcar 5 gols em uma única partida pelo Brasil. Insuficiente para disputar uma Copa do Mundo. Evaristo foi um dos jogadores brasileiros pioneiros no futebol europeu. Por incrível que pareça, é idolatrado na Espanha pelas torcidas do Barcelona e do Real Madrid.


Como já deixei claro, é questão de opinião. Outros nomes poderiam entrar ou sair da lista acima. Mas, com esta viagem no tempo, é possível fazer uma constatação: entre os treinadores que passaram pela Seleção, Dunga pode ser considerado o mais "injusto". A lista de "injustiçados" para a Copa da África parece ser a maior na história das Copas. Tomara que eu esteja enganado...

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