segunda-feira, 12 de julho de 2010

O fim de um Mundial histórico

Luciano Dias (@jornlucianodias)


Uma Copa que entra para a história. O primeiro mundial disputado em continente africano traz um novo campeão. Com um gol de Iniesta na prorrogação, a Espanha venceu a Holanda por 1 a 0 e deixou, definitivamente, a fama de amarelar em decisões. Os espanhóis conquistaram a Eurocopa em 2008 e o mundo este ano. Finalmente justificou a fama de Fúria, adquirida nos anos 50.

Além do inédito título espanhol, a Copa da África do Sul vai ficar na memória por diversos motivos. Veja alguns:

Quebra de tabus e surpresas

Se por um lado a Espanha quebrou o tabu de conquistar pela primeira vez o Mundial, por outro, a África do Sul se transformou na primeira anfitriã a ser eliminada na fase de grupos. O time do técnico Parreira foi até bem, fazendo quatro pontos. Mas foi insuficiente para ir às oitavas.

O Paraguai também quebrou um tabu. Com muita determinação tática, o time sul-americano conseguiu, pela primeira vez, passar às quartas-de-finais de um Mundial. O time foi eliminado pelos campeões espanhóis, por um modesto 1 a 0. A campanha foi motivo de festa para os paraguaios.

As surpresas ficam por conta do Uruguai, que chegou às semifinais, e para a Nova Zelândia, que sai do Mundial sem ser derrotada. Por incrível que pareça, foi o único time invicto da competição. Olha que o país só foi à Copa porque a Austrália disputou as eliminatórias pela Ásia, e não pela Oceania, como era de costume.

Num país de futebol amador, a teoria mostrava que a Nova Zelândia seria saco de pancadas. A realidade foi um pouco diferente. Sim, os kiwis, como são chamados, não passaram às oitavas. Mas despedir do segundo Mundial (o primeiro foi em 1982) sem perder, inclusive para Itália, foi motivo de comemoração.

Renascimento uruguaio

A força celeste está de volta. Bicampeão Mundial (1930 e 1950), o Uruguai não chegava às semifinais desde a Copa de 70. Mesmo sem ter um time muito técnico, os uruguaios sobressaíram com muita raça. Além disso, a equipe contou com o melhor jogador da Copa: Diego Fórlan. A quarta colocação no Mundial significa o retorno do Uruguai ao cenário do futebol mundial.

Decepções

França e, principalmente, Itália entraram como favoritas ao Mundial. Mas os países que fizeram a final da Copa de 2006 (triunfo italiano) não passaram sequer à segunda fase. Não venceram nenhuma partida. Duas grandes decepções.

Muito se esperava também da Inglaterra e do Brasil, pentacampeão mundial. No entanto, os dois não foram muito longe. Os ingleses, com muitas estrelas e com um futebol sem brilho, ficaram nas oitavas. A goleada de 4 a 1 sofrida para a Alemanha ilustrou o péssimo futebol da equipe. O atacante Rooney, então candidato a um dos destaques para esta Copa, não marcou nenhum gol.

Já o Brasil foi eliminado pela segunda vez seguida nas quartas. Desta vez, a holandeses foram os algozes. Em 2006 foi a França. O time brasileiro mostrou instabilidade e Kaká e Robinho não conseguiram brilhar como o esperado. O técnico Dunga deixou a seleção com algumas convicções questionadas pela imprensa e pela torcida.

Personagens


A bola Jabulani e as vuvuzelas roubaram a cena no Mundial. Segundo vários jogadores, principalmente no inicio da competição, a bola polêmica, que significa "celebrar" em isiZulu (um dos 11 dialetos da África do Sul), tomava rumos estranhos. O atacante brasileiro Luis Fabiano chegou a dizer que a Jabulani era "sobrenatural". Já o goleiro Júlio César a comparou com uma bola de supermercado.

As vuvuzelas também roubaram a cena. Trata-se de um instrumento muito popular na África e é usado pela torcida em todas as partidas. Muito barulhenta, as vuvuzelas foram criticadas por vários jogadores. Messi, Tevez, Cristiano Ronaldo, Evra são exemplos de atletas que contestaram a tradição sul-africana. Coincidência ou não, nenhum desses jogadores chegou sequer às semifinais.

Para muitos, o técnico Diego Maradona também foi um dos personagens. De terno (fato incomum) e com muita vibração, o argentino roubou a cena nas partidas de sua seleção.

Gols - a segunda pior média da história

O saldo de gols foi de 2,27 por partida. Foram dois tentos a mais que o Mundial da Alemanha, em 2006. Se não fosse o feito de Iniesta, marcado no final da prorrogação, a Copa da África do Sul se igualaria ao Mundial da Itália, em 1990, como a Copa com a pior média de gols da história. Em 90, a bola entrou 115 vezes em 52 embates. Média de 2,2 por partida.

A própria campeã não fez muitos gols. A Espanha marcou sete vezes. Por coincidência, nos quatro jogos da fase de mata-mata, a Fúria venceu suas partidas por magros 1 a 0.

A baixa média tem relação direta com a primeira rodada. As redes balançaram apenas 25 vezes nos 16 primeiros duelos do Mundial. Média de 1,6 por partida. Pela primeira vez na história das Copas, a média da rodada inicial ficou abaixo dos dois gols.

Os melhores da Copa

Pelo segundo ano seguido, um alemão é eleito o melhor jogador jovem da Copa. Depois de Lukas Podolski levar o prêmio em 2006, o atacante alemão Thomas Muller foi eleito o melhor jogador jovem do Mundial deste ano. Com cinco gols, ele ainda levou a Chuteira de Ouro. Muller disputou o prêmio com David Villa, Sneijder e Forlán. O primeiro critério de desempate para levar a Chuteira de Ouro é o número de assistências. Muller, com três passes que resultaram em gols, foi mais eficiente que os rivais.

Boas lembranças também para o goleiro espanhol Iker Casillas. O jogador, que levou o prêmio Luva de Ouro, mostrou liderança e fez defesas salvadoras. De fato, calou a boca dos críticos que não acreditaram no seu potencial. Casillas entra para a história do futebol espanhol. Afinal, foi ele o jogador que leventou a taça da primeira Copa conqusitada pela Fúria.

Mas, o destaque mesmo ficou com Diego Forlán (foto). O atacante, que atuou mais como armador, foi o eleito o craque da Copa. Ele comandou a seleção uruguaia. Para muitos, Forlán levou a celeste nas costas.


imagens: Fifa

Nenhum comentário: