sexta-feira, 20 de agosto de 2010

A receita do sucesso colorado

Luciano Dias (@jornlucianodias)

Em dezembro de 2008, postei Inter cada vez mais internacional. Passados quase dois anos, o texto continua mais do que pertinente à realidade colorada. Nesta semana, o Saci faturou mais uma Libertadores, a segunda na história. Se igualou, em número de conquistas, ao Grêmio, o maior rival.


Foi a vitória da organização. De um time que ganha títulos consecutivos desde 2002. De um clube que, nos últimos quatro anos, faturou duas Libertadores, um Mundial, uma Recopa e uma Copa Sul-Americana. Para a Conmebol, entidade que comanda o futebol do Continente, o Inter se transformou em 2008 no clube mais "internacional" do Brasil.

O Colorado fez milagres e quebrou tabus. Fez Celso Roth conquistar, finalmente, um título importante. Até então, o técnico tinha só dois Gaúchos (Inter-97 e Grêmio-99) e um Nordestão (Sport-00) no currículo.

O Inter, enfím, quebrou uma sequência de derrotas de clubes brasileiros para equipes estrangeiras em decisões da Libertadores. O último triunfo de um time nacional sobre um clube do exterior em final aconteceu em 1999, quando o Palmeiras derrotou o Deportivo Cali nos pênaltis. Depois disso, os brasileiros entraram em choque contra clubes estrangeiros na final outras seis vezes. Mas sucumbiram em todas as decisões.

Veja a lista de derrotas:

2000 - Boca Juniors campeão; Palmeiras vice (2x2, 0x0 - 4x2 nos pênaltis)
2002 - Olimpia campeão; São Caetano vice (0x1, 2x1 - 4x2 nos pênaltis)
2003 - Boca Juniors campeão; Santos vice (2x0 e 3x1)
2007 - Boca Juniors campeão; Grêmio vice (3x0 e 2x0)
2008 - LDU campeã; Fluminense vice (4x2, 1x3 e 3x1 nos pênaltis)
2009 - Estudiantes campeão; Cruzeiro vice (0x0 e 2x1)

Exemplo de gestão

As glórias sempre aparecem em times organizados. É questão de tempo. No caso do Inter, Fernando Carvalho revolucionou o clube a partir de 2002, seja como presidente ou como vice-futebol. O Colorado voltou a ser grande depois de ver o Grêmio vencer tudo nas décadas de 80 e 90.

Carvalho deu organização ao Inter. Firmou contratos maiores com os atletas, para que eles se vinculassem ao clube. Índio e Guiñazu são grandes exemplos. O cartola também devolveu a auto-estima ao torcedor – primeiro, voltando a ganhar Gre-Nais; depois, conquistando títulos.

Outro fator interessante na direção de Carvalho é o número de sócios do Colorado: são mais de 100 mil. O maior número do Brasil e o sexto do mundo. Isso é sinônimo de vantagens para os torcedores e de dinheiro certo no caixa do clube. Em 2002, por exemplo, o Inter contabilizava apenas 7 mil sócios.

A aposta em jovens promessas que aparecem em outros clubes também é uma fórmula de sucesso da atual direção. O Colorado adquire esses jogadores com um preço muito baixo e ganha milhões sobre eles. O meia Giuliano é um grande exemplo. Ele foi comprado junto ao Paraná em 2008 quando tinha 18 anos. Agora, o jogador está supervalorizado e o Inter pode ganhar muito dinheiro em cima dele.

Do atual elenco, a mesma fórmula foi utilizada com os jogadores Leandro Damião, Taison, Everton, Dalton, Marinho e Oscar. Promessas compradas em outros clubes que se transformaram (ou podem se transformar) em realidade no Inter. Não é dinheiro jogado fora, apenas um investimento barato. Além de pensar na renovação do elenco, o Colorado pensa em dinheiro no caixa.

Por esses artifícios e vários outros, o Inter é um exemplo de gestão, que deve ser, sem nenhuma vergonha, copiado.

Imagem: Vipcomm

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