terça-feira, 15 de junho de 2010

As falhas do exército dunguense

Thiago Ricci (@thiricci)

Hoje, o Brasil acorda com um ar diferente. Tudo bem, não existe a comoção de outrora, com todas as janelas ocupadas com uma flâmula verde e amarela, asfaltos coloridos e desenhados em prol da seleção canarinho, entre outros adereços. Mas ainda há resquícios do apoio incondicional de antigamente, além das modernas e bregas bandeirinhas de carro.

Dentro das quatro linhas, é difícil falar de algum aspecto que já não foi profundamente abordado. Méritos para o Dunga, que limitou o leque de opções jornalísticas (e também táticas, veja só). A tropa do homem que levantou a taça em 1994 é sólida, segura defensivamente e forte fisicamente. Os números, parafraseando Felipe Melo, comprovam a eficiência dunguense.

Vamos, então, aos defeitos de estratégia do time verde e amarelo, aqueles que podem custar a sexta estrela na camisa canarinho.

Avenida à esquerda

O Brasil está a procura do dono da lateral-esquerda desde o adeus de Roberto Carlos. O eleito para receber a 6 na Copa do Mundo foi Michel Bastos, meio-campo no Lyon. A posição onde atua no time francês pode ser um indício da ineficiência defensiva. Além de não mostrar segurança na marcação, Michel apoia o ataque com certa frequência.

O que deveria ser uma alternativa ofensiva para a cadenciada seleção, torna-se um risco. O motivo é a péssima fase de Felipe Melo. O volante não consegue cobrir a ausência de Michel Bastos. Juan, o zagueiro que atua pela esquerda, também não está na melhor fase técnica e física. Gilberto, pelo menos teoricamente, leva segurança defensiva ao time.

Sem saída!
Gilberto Silva e Felipe Melo são os mais criticados do time titular dunguense. A insatisfação não é a toa. O primeiro é lento e, se não erra passes bobos, não arrisca um toque em profundidade. A faixa de atuação do volante Panathinaikos é muito pequena (imagem) e, como não dá passes de mais de três metros de distância, força o recuo de Elano, Kaká e, às vezes, Robinho - o que isola ainda mais Luis Fabiano.

O problema-chave de Felipe Melo também é a saída de bola. O temperamental jogador da Juventus não dá velocidade ao time e, pior do que isso, erra passes infantis na entrada da área brasileira. A solução seria a troca de ambos, mas só com a entrada de Ramires no lugar de Felipe Melo já haveria melhora. Além de dar velocidade, o ex-cruzeirense é uma excelente opção ofensiva. Dentro do elenco na África, Josué seria o melhor substituto de Gilberto Silva (mas até a entrada de Klebérson seria bem-vinda).

Cadê a inspiração?

A falta de criatividade foi falada pela imprensa inúmeras vezes. A campanha para Ganso e Ronaldinho Gaúcho foi para suprir essa ausência. O mais preocupante é que não há soluções dentro do grupo dunguense. É torcer para que Kaká volte a ser Kaká pelo menos no mata-mata ou depender da inspiração dos reservas Daniel Alves e Ramires.

Orientais misteriosos

A pior seleção no ranking da Fifa que está na Copa do Mundo também é a mais desconhecida no planeta bola. Aquele papo de estreia e respeito ao adversários deve ser levado em conta, mas esperar uma inovação futebolística a ponto de surpreender o mundo em pleno século XXI é insanidade. No máximo, muita correria e disciplina tática. Se as prévias dos jornais brasileiros estiverem certas, o time coreano terá esta formação tática (imagem).

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