terça-feira, 10 de julho de 2012

Euforia alvinegra

Thiago Ricci (@thiricci)

Antes de qualquer coisa, queria reforçar o óbvio: o Atlético faz um campanha exemplar e, se mantiver o elenco e o apoio da torcida, tem tudo para terminar o ano na melhor posição da era dos pontos corridos (7º até agora), o que seria magnífico para o futebol mineiro.

Dito isso, vi numa rede social uma daquelas imagens que viraram moda dizendo só tinha começado bem a campanha porque só pegara time fraco. Agora, com confrontos contra São Paulo, Inter e Grêmio, a gozação sugeria que a equipe de Celso Roth finalmente iria ser testada e, consequentemente, fracassar. Obviamente, o autor da brincadeira era atleticano.

Tirando o caráter sempre saudável da gozação, a imagem é verdadeira?

Cruzeiro 0 x 0 Atlético-GO
Náutico 0 x 0 Cruzeiro
Botafogo 2 x 3 Cruzeiro
Cruzeiro 1 x 0 Sport
Cruzeiro 1 x 0 Figueirense
Vasco 1 x 3 Cruzeiro
Cruzeiro 2 x 3 São Paulo
Inter 2 x 1 Cruzeiro

Em oito jogos, o time celeste enfrentou quatro times considerados de segundo escalão. Empatou dois e venceu dois. Deixou de fazer o dever de casa apenas contra o Atlético-GO, já que o Náutico, no Aflitos, não é tão fácil de vencer.

Contra os grandes, a Raposa ganhou duas e perdeu duas. Vacilou contra o São Paulo, dentro de casa, mas a derrota para o Inter, no Beira-Rio, não pode ser condenada. Já as vitórias contra Vasco e Botafogo, ambos em ótima fase na ocasião, têm que ser exaltadas. Numa matemática irresponsável, o Cruzeiro teve dois vacilos, mas obteve dois triunfos inesperados.

E como está o próprio umbigo do autor da brincadeira?

Ponte Preta 0 x 1 Atlético
Atlético 1 x 0 Corinthians
Atlético 1 x 1 Bahia
Palmeiras 0 x 1 Atlético
São Paulo 1 x 0 Atlético
Atlético 5 x 1 Náutico
Grêmio 0 x 1 Atlético
Atlético 2 x 0 Portuguesa

A conta de adversários de segundo escalão é a mesma do adversário: quatro. O Galo fez o dever de casa conta três, mas escorregou contra o Bahia - perdeu dois pontos preciosos.

Contra os grandes, o Atlético ganhou três e perdeu apenas uma. Mas três jogos foram contra times sem 100% do "foco": Corinthians estava com a cabeça na Libertadores, Palmeiras e São Paulo estavam na semifinal da Copa do Brasil. Já a vitória contra o Grêmio no Olímpico deve ser exaltada. Única observação são os quatro gols que o time gaúcho levou para o Santos, na rodada seguinte. A goleada pode evidenciar uma equipe frágil na primeira fase do Brasileirão.

Na conta final, um vacilo e meio (poderia ter aproveitado melhor o confronto com um São Paulo com cabeça na semi da Copa do Brasil) e um triunfo inesperado (que pode perder o status se o Grêmio for um saco de pancadas no início deste campeonato).

Conclusão: as duas equipes fazem um início de Brasileirão quase irretocável. A perspectiva do Galo é mais otimista por causa da excepcional fase, dentro e fora de campo, do time. Mas a mesma euforia que empurra pode ser a que ilude e atrapalha (vide 2009). Do outro lado, Celso Roth está formando uma equipe sólida e a diretoria fez contratações interessantes. O elenco é, sem dúvidas, mais modesto, mas as expectativas também.

Como diria o outro, vamos aguardar.