terça-feira, 28 de julho de 2009

Invasão estrangeira

Luciano Dias


Viáfara; Adrian Gonzalez, Sorondo, Escudero e Armero; Valência, Guiñazu, Conca e D´Alessandro; Guerrón e Maxi Lopez.

O time formado acima poderia muito bem estar concorrendo pelo título brasileiro deste ano caso jogassem juntos. A presença de estrangeiros no futebol nacional é marcante nas últimas décadas. Somente na Série A do Brasileirão existem 32 jogadores de outros países. Isso, excluindo o argentino Sorín, que anunciou a aposentadoria do futebol nesta terça-feira.

É fato. Os clubes brasileiros sofrem com o êxodo de seus melhores jogadores para a Europa e suprem suas carências buscando alternativas, principalmente, no MERCOSUL. As equipes nacionais fazem valer a valorização do Real perante outras moedas sul-americanas para então compor propostas “generosas” aos jogadores de fora, que começam a se multiplicar por aqui.

Apenas Avaí, Goiás, Barueri e Santos, que negociou o colombiano Molina na semana passada, não possuem estrangeiros nos elencos. Ao contrário dos times fronteiriços, como os grandes do Rio Grande do Sul, que sempre tiveram por habito contar com sul-americanos em seus planteis.

Internacional e Grêmio são os clubes com o maior número de estrangeiros. São quatro jogadores de cada lado. No Colorado, tem Sorondo, Guiñazu, D´Alessandro e Bolaños. Já o Tricolor dos Pampas aposta em Orteman, Maxi Lopez, Perea e Herrera.

Lembrando que no Brasil as equipes podem escalar apenas três atletas de outros países por partida. Ou seja, os técnicos da dupla Gre-Nal excluem um jogador de cada equipe por jogo. No Inter, quem sobra com mais freqüência é o equatoriano Bolaños. No Grêmio é o uruguaio Orteman quem fica de fora na maioria das partidas.

A Argentina é o país que mais fornece jogadores para o Brasil atualmente. São 10 na Primeira Divisão. Existem ainda cinco colombianos, quatro uruguaios, três chilenos, três paraguaios, dois equatorianos e dois bolivianos.

Mas, não pensem que existem estrangeiros apenas da América do Sul. Destaque, por exemplo, para o sérvio Petkovic, há mais de dez anos no futebol brasileiro. Tem também nigeriano – Nwodo, do Náutico - e árabe dos Emirados – Kamali, do Atlético Paranaense. Os dois últimos tiveram poucas oportunidades no futebol brasileiro.


Confira a lista dos jogadores estrangeiros na Série A do Brasileirão:

Fontes: sites dos clubes

Atlético Mineiro - Renteria (COL)

Atlético Paranaense - Valência (COL), Kamali (EMI), Rodrigo Diaz (ARG) e Júlio dos Santos (PAR)

Botafogo - Castillo (URU)

Corinthians - Escudero (ARG)

Coritiba - German (PAR), Ariel (ARG)

Cruzeiro - Guerrón (EQU)

Flamengo - Petkovic (SER), Fierro (CHI) e Maxi Biancucchi (ARG)

Fluminense - Conca (ARG)

Grêmio - Orteman (URU), Maxi Lopez (ARG), Perea (COL) e Herrera (ARG)

Inter - Sorondo (URU), D´Alessandro (ARG), Guiñazu (ARG) e Bolaños (EQU)

Náutico - Nwodo (NIG), Acosta (URU)

Palmeiras - Armero (COL), Figueroa (CHI) e Ortigoza (PAR)

Santo André - Pablo Escobar (BOL)

São Paulo - Saavedra (CHI), Adrian Gonzalez (ARG)

Sport - Arce (BOL)

Vitória - Viáfara (COL)

OBS.: Mais estrangeiros ainda podem chegar (ou sair) ao futebol brasileiro, já que a janela de transferências fecha no último dia de agosto

terça-feira, 7 de julho de 2009

Raros reencontros

Coluna Luciano Dias - Memória e calculadora esportiva

Cruzeiro e Estudiantes (ARG) começam a decidir nesta quarta-feira mais uma final de Copa Libertadores. As duas equipes, que saíram da mesma chave (o grupo 5), fizeram grandes partidas nas fases de mata-mata.

O Cruzeiro eliminou Universidad do Chile, São Paulo e Grêmio. Já o Estudiantes deixou para trás Libertad (PAR) e os uruguaios do Defensor e do Nacional.

O grupo dos finalistas não era considerado forte. Além de Cruzeiro e Estudiantes, contava com Deportivo Quito (EQU) e Universidade Sucre (BOL). Ao contrário do grupo 1, considerado "da morte", que tinha Sport, Palmeiras, LDU (EQU) e Colo-Colo (CHI). Mas, a equipe que foi mais longe deste grupo – o Palmeiras – chegou apenas às quartas-de-finais.

Cutucadas de lado, não é muito comum equipes que saíram do mesmo grupo chegarem à final da Libertadores. Em 50 edições do torneio, o fato aconteceu apenas em três oportunidades: 1997, 2008 e 2009.

Podemos reparar que a final de equipes de mesmos grupos acontece pelo segundo ano consecutivo. Tendência ou apenas coincidência? Eu prefiro acreditar na coincidência de duas equipes competentes se encontrarem no mesmo grupo na primeira fase.

Ano passado, Fluminense e LDU se reencontraram na grande final. Na primeira fase, eles estavam juntos no grupo 8 da competição.


Na grande final, o favoritismo era todo do time brasileiro, que fez melhor campanha na primeira fase. Mas, quem riu por último foram os equatorianos, que conquistaram a América pela primeira vez.

Finais:
LDU 4 x 2 Fluminense – Equador
Fluminense 3 x 1 Cruzeiro – Brasil (pênaltis: 3 a 1 LDU)


Pela segunda vez, o Cruzeiro reencontra um time do mesmo grupo na final. Em 1997, a Raposa havia enfrentado o Sporting Cristal (PER) na primeira fase, no grupo 4.


Na final, a equipe brasileira venceu com um gol salvador de Elivelton, no Mineirão.

Finais:
Sporting Cristal 0 x 0 Cruzeiro – Peru
Cruzeiro 1 x 0 Sporting Cristal - Brasil

Neste ano, mais um time brasileiro envolvido na coincidência. Novamente o Cruzeiro. . Desta vez, a Raposa faz a final contra os argentinos do Estudiantes. Veja como ficou a classificação da primeira fase:



Final: o ataque celeste x a defesa platina

O Cruzeiro marcou 12 gols no mata-mata e teve o melhor poderio ofensivo entre os clubes que disputaram esta parte da Libertadores. A defesa, porém, sofreu 5 gols nestas fases, bem mais do que o único gol que o Estudiantes sofreu no mata-mata.

É inegável que os adversários que o Cruzeiro deixou para trás na competição são de maior qualidade que as equipes eliminadas pelos argentinos que perderam boa parte de sua força com a lesão do lateral Angeleri, também da seleção argentina.

O Cruzeiro, por sua vez, contará com um jogador que foi desfalque em duas partidas no mata-mata e grande arma ofensiva do clube: Ramires. Junto com Kléber, Wágner e Wellington Paulista (fundamental para a classificação contra o Grêmio marcando três gols), o meiocampista forma o quarteto que deve incomodar a zaga argentina.

O Estudiantes também conta com bons valores individuais embora dependa bastante de Verón, que se recupera de contusão. Mauro Boselli, o artilheiro da equipe com seis gols na Libetadores, é a outra grande ameaça ofensiva dos argentinos.

Pela campanha e pelo elenco o Cruzeiro é o favorito. Embora seja difícil apontar favorito em final representada por brasileiros e argentinos.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

É vantagem decidir em casa?

Coluna Luciano Dias - Memória e calculadora esportiva

É importante fazer melhor campanha na primeira fase para ter a vantagem de decidir em casa na fase de mata-mata. VANTAGEM? Não é muito bem o que está acontecendo no futebol mundial. Como exemplos mais próximos, as semifinais da Libertadores e as finais da Copa do Brasil.

Na competição continental, Cruzeiro e Estudiantes (ARG), que fizeram as segundas partidas fora de casa, levaram a melhor. O mesmo pode se dizer para o Corinthians na Copa do Brasil contra o Internacional.

Vamos aos números, analisando a partir das quartas-de-finais, quando os favoritos começam a se encontrar:

Libertadores – Dos seis duelos, os times que fizeram o primeiro jogo em casa levou a melhor em quatro oportunidades, contra duas dos clubes que decidiram dentro dos seus domínios. Destaques para Cruzeiro e Estudiantes, que jogaram as segundas partidas fora nas quartas e nas semi.

Copa do Brasil – Equilíbrio, mesmo assim, melhor para quem decidiu fora. Dos sete confrontos, em quatro oportunidades levou vantagem quem jogou a segunda partida fora dos domínios. Destaque para o Corinthians, que decidiu fora nas quartas, nas semi e nas finais.

Vamos observar se o mesmo acontece na Europa, na Liga dos Campeões. Em consideração, as quartas-de-finais e as semifinais:
Lembrando que a final é disputada em um único jogo, em campo, geralmente, neutro

Goleada!! Desta vez, quem jogou o segundo jogo fora, levou grande vantagem. Dos seis confrontos, em cinco classificou-se quem jogou a segunda partida fora dos seus domínios.

Placar final nos três campeonatos (Libertadores, Copa do Brasil e Liga dos Campeões): 13 para quem decidiu fora contra 6 para quem decidiu em casa.

Supostas explicações:

Sem muitas explicações. As poucas que existem, são óbvias. O importante é saber jogar de acordo com o regulamento. Nos últimos anos, as equipes estão fazendo isso melhor. O técnico do Corinthians, Mano Menezes, antes da final da Copa do Brasil contra o Internacional, resumiu: “Tudo depende da primeira partida”. Ou seja, fazer um bom resultado no primeiro jogo em casa (geralmente, os mandantes estão fazendo isso bem) é essencial.

Para o volante Christian, também do Corinthians, equipes que querem ser campeãs não podem escolher onde jogar. “Time que quer ser campeão não pode propor onde quer jogar. Temos que saber jogar fora de casa e marcar bem, porque neste tipo de competição não se pode escolher muita coisa", explicou.

Outro fator que, querendo ou não, está fazendo a diferença é o tal do gol fora de casa. Equipes que fazem bons resultados em casa e tomam poucos gols, jogam o segundo confronto atuando nos contra-ataques, beliscando um golzinho que pode fazer toda a diferença.

Como exemplos, os jogos decisivos desta semana. Cruzeiro e Corinthians, ao marcarem dois gols fora de casa, obrigaram Inter e Grêmio marcarem cinco. Quase impossível.

Discussões à parte, tem aqueles que preferem acreditar apenas em coincidências. Será?